?Existe grande risco de degradação de qualidade na voz sobre internet. Quem paga a conta do modelo não regulado??. Esta é a pergunta feita pelo diretor geral de comunicação de empresas da Telefônica Empresas, Luiz Gonzaga Vilella Neto, que participou do painel ?VoIP: o que muda com esse novo paradigma?, durante o seminário "Serviços Corporativos", realizado nesta quinta, 11, em São Paulo. A Telefônica oferece voz sobre comunicação de dados (frame relay) há muito tempo e não tem nada contra voz sobre IP, afirmou Vilella, mas ele defende que o serviço tem que ser levado às empresas com garantias de qualidade. "Todo mundo quer ser remunerado pelo investimento realizado, inclusive a Telefônica, que já oferece IP para o mercado corporativo", diz.
O executivo concorda que a telefonia sobre internet pode baratear muito o preço do serviço. O usuário pode baixar o software pelo computador e fazer a comunicação, sem pagar nada. ?Mas sobre que infra-estrutura esse tráfego está passando??, questiona Vilella. ?A quem reclamar da qualidade de serviço, se não tem um fornecedor? O que se busca em VoIP é só preço.?
?Me preocupa a idéia de que o mais importante é garantir os investimentos das concessionárias. O que tem que se garantir é a concorrência, a universalização e a qualidade?, disse a TELETIME News o diretor executivo de desenvolvimento de negócios da GVT, Sergio Paulo Gallindo, que participou do mesmo painel. Para Gallindo, a remuneração esperada pelas incumbents está justamente na contratação do serviço de banda larga, pré-requisito para os serviços de VoIP hoje existentes. "Os serviços de voz farão o usuário contratar banda até maior e mais cara do que atualmente". A garantia dos investimentos é um problema de administração de negócios, opinou Gallindo: ?O interesse corporativo (das teles) nunca pode ter prioridade em detrimento do atendimento ao consumidor.?
Canibalização
O serviço de longa distância foi canibalizado nos Estados Unidos pela proliferação da telefonia nas redes de cabo. No Brasil não será assim, disse o presidente da Telmex do Brasil (ex-AT&T), João Elek. Para ele, é precipitado dizer que será preciso investir todo o capital para ter acesso ao usuário final. Por fim, lembrou que a regulamentação hoje é baseada em contratos: ?E temos de honrá-los, principalmente com nossos clientes.?