Mesmo com 5G, indústria brasileira de telecom fica sem crescimento real no ano (mas é otimista para 2023)

O segmento de telecomunicações da indústria eletroeletrônica brasileira terá uma alta nominal de faturamento de 4% – e nenhum crescimento real – em 2022, apontou a Abinee em balanço divulgado nesta quinta-feira, 8.

Os dados dos fornecedores da cadeia apontam receitas de R$ 46,4 bilhões ao longo deste ano, frente R$ 44,5 bilhões em 2021. Deflacionado pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor) projetado do setor (6% no acumulado de 2022), o segmento de telecom manteve o mesmo patamar do ano passado.

A Abinee calcula tanto a infraestrutura de telecomunicações (alta nominal de 5% em 2022) como a indústria de telefones celulares (4%) como componentes da área. Nos dois casos, há expectativa que o avanço da implementação do 5G auxilie os resultados em 2023 – quando a Abinee projeta crescimento real de 2% para a área de telecom.

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"Vemos como significativa a ampliação do 5G para áreas interioranas e temos expectativa que ele possa se espraiar para licenças privadas", afirmou o diretor de telecomunicações da Abinee, Paulo Castelo Branco. O dirigente destacou o segmento corporativo como possível maior interessado pelo padrão, além de vislumbrar em 2023 as primeiras experiências concretas em Open RAN do mercado brasileiro.

Já no lado dos celulares, a avaliação do diretor de dispositivos móveis de comunicação da Abinee, Luiz Claudio Carneiro, é de que as vendas cresçam no período natalino, seguindo em alta no começo de 2023 e revertendo uma Black Friday aquém das expectativas

A entidade vê o mercado brasileiro próximo da marca de 100 smartphones 5G homologados, com preços a partir de R$ 1,3 mil. Carneiro também entende que políticas de inclusão digital capitaneadas pelo governo como uma das alternativas para a redução de preços dos aparelhos.

Setor

A indústria eletroeletrônica como um todo teve faturamento total de R$ 220,4 bilhões. Mesmo que também apontando alta nominal de 4%, a variação real calculada pela Abinee para a cadeia foi de -2%.

A entidade notou que movimentos distintos dentro do setor levaram ao resultado. Categorias de bens de capital como geração, transmissão e distribuição de energia e equipamentos industriais, por exemplo, tiveram altas de dois dígitos (confira na imagem abaixo).

Já as categorias vinculadas a bens de consumo tiveram altas mais modestas – ou mesmo retração, como as utilidades domésticas e a informática. Neste último caso, os altos patamares de vendas alcançados durante a pandemia afetaram a base de comparação (o mercado de notebooks, por exemplo, chegou a crescer 40% em 2021, recuando 6% neste ano).

Em 2023, a Abinee projeta um faturamento de R$ 230 bilhões, o que em termos nominais seria alta de 5% (mas com risco de empate em termos reais). A cadeia entende que empresários atravessam um período de otimismo moderado diante de incertezas (sobretudo fiscais) com o novo governo e projeções de crescimento mais modestas em vários mercados.

Balança comercial

Em 2022, o déficit da balança comercial da indústria eletroeletrônica cresceu para US$ 39,2 bilhões (frente US$ 34,4 bilhões um ano antes). No ano, as importações avançaram 14%, para US$ 45,9 bilhões. Apenas na cadeia de telecom, os números subiram 2%, para US$ 2,6 bilhões.

O item mais demandado pela indústria foram os semicondutores, cujas compras cresceram 19% em valores (para US$ 6,6 bilhões). Até outubro, 60% da cadeia ainda tinha problemas com o fornecimento do equipamento, em problema que ainda deve ser enfrentado no ano que vem. No momento, a Abinee aguarda a publicação de uma medida provisória com incentivos para a instalação de fábricas do segmento no Brasil.

Também foi destaque a importação de módulos fotovoltaicos, que cresceu 127% (para US$ 5,3 bilhões) impulsionada por incentivos que facilitaram a compra de equipamentos fora (causando inclusive efeito comercial negativo para empresa instaladas no Brasil, segundo a Abinee). Já a importação de componentes de telecom caiu 20%, para US$ 3,9 bilhões.

No caso dos bens exportados pela cadeia eletroeletrônica brasileira, a soma apontou US$ 6,6 bilhões em vendas, sobretudo para a América Latina. Motores e geradores foram os itens mais comercializados, enquanto as estações rádio base (ERBs) ocuparam o décimo primeiro lugar, totalizando US$ 125 milhões em vendas para fora (+ 36%).

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