ATSC tenta reverter cenário adverso

Com o Brasil cada vez mais próximo de adotar o que parece ser um padrão japonês de TV digital com itens nacionalizados, os representantes do padrão norte-americano ATSC têm marcado presença freqüente no país nas últimas semanas, o que se deve à proximidade do prazo para que se defina o sistema brasileiro de TV digital terrestre. As últimas investidas têm se dado em três frentes: tentar angariar o apoio de radiodifusores, mostrar que há possibilidade de participação dos pesquisadores brasileiros no desenvolvimento de tecnologias baseadas no ATSC e buscar, junto ao governo, interlocutores com visões distintas sobre a questão da TV digital.
Na primeira frente, Robert Graves, chairman do ATSC Fórum, informa ter se encontrado com a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores), que congrega Bandeirantes, SBT e Record, para apresentar a sua visão sobre a questão da digitalização. Segundo Graves, a Abra foi receptiva, mas não deu detalhes. Johnny Saad, presidente do grupo Bandeirantes e da Abra, evita dizer em público qual padrão de TV digital prefere. Diz apenas que, seja qual for, tem que contemplar a alta definição e permitir ao radiodifusor a escolha do modelo de negócios.

Parceria

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Na frente tecnológica, a novidade que o ATSC traz ao Brasil nesta reta final é a possibilidade de integrar os pesquisadores brasileiros ao grupo de quatro empresas liderado pela Zenith/LG que está pesquisando e desenvolvendo soluções de mobilidade para o padrão. Segundo Graves, o Brasil teria a chance de se tornar co-detentor desta tecnologia, com chance de comercializá-la para os EUA e para outros países que utilizam o ATSC. A solução deverá estar pronta em meados de 2006 e, segundo John Taylor, vice-presidente de relações governamentais da LG, foi desenvolvida pensando especialmente na demanda dos radiodifusores brasileiros, já que o mercado norte-americano não parece tão preocupado com o problema da mobilidade. Além disso, o ATSC se diz aberto a incorporar aplicações brasileiras em seu padrão. Exemplifica com a parceria com a Fitec, de Belo Horizonte, no desenvolvimento de aplicações para uso governamental via televisão.
Na frente política, os representantes do ATSC estão conversando com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Fazenda e Ministério das Comunicações para reiterar que a escolha, pelo Brasil, do padrão americano poderia representar possibilidades muito mais concretas de exportação de equipamentos e, no caso de necessidade imediata de importação, mais oferta a menores custos, já que são vários os fabricantes que já fazem equipamentos para o mercado norte-americano e coreano. Um estudo feito pela LG (proprietária das patentes do ATSC) procura mostrar, também, que se o Brasil fabricasse televisores ATSC e quisesse exportar, teria que adaptar apenas 5% dos componentes para atender aos mercados externos. No caso de equipamentos DVB, a adaptação seria de 40%, e de 25% no caso de adoção do padrão japonês. Além disso, pelo estudo da LG, as barreiras tarifárias para exportação a países que utilizam o ATSC seriam muito menores.

Robustez

Questionado sobre o fato de o Brasil já estar se manifestando, pelo menos através das instituições de pesquisa, por uma modulação COFDM, Graves rebateu questionando se as transmissões feitas estão de fato garantindo robustez em taxas de 19,4 Mbps ou se estão sendo utilizadas taxas de transmissão menores, como 14 Mbps. Ele acredita que dificilmente a modulação japonesa ou européia conseguirá manter as taxas de 19,4 Mbps.
Sobre a adoção de uma compressão MPEG-4 pelo Brasil, Graves não acredita que isso seja um problema do ponto de vista de compatibilidade com a tecnologia adotada nos EUA. Para ele, boa parte do mercado de TV paga nos EUA já está caminhando para o MPEG-4 com suporte para o ATSC.
Em junho, o mercado norte-americano tinha cobertura de TV digital em quase 100% dos domicílios e havia 20 milhões de televisores digitais vendidos, contra uma previsão de 15 milhões. A partir de 2007, todos os televisores vendidos terão capacidade de recepção digital, o que significa 34 milhões de televisores ao ano. A previsão é chegar ao final de 2009 com 150 milhões de televisores digitais no mercado.

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