Para o presidente da NAB, principal associação de radiodifusores dos Estados Unidos, Gordon Smith, a televisão aberta mantém seu papel no cenário convergente, mesmo competindo com outras mídias e plataformas. A radiodifusão, disse, tem a habilidade de se adaptar à mudança de hábito dos consumidores desde as primeiras transmissões. "Mesmo em um mundo de tablets e smartphones, a radiodifusão é tão relevante hoje quanto sempre foi", completou Smith na abertura do NAB Show, que acontece esta semana em Las Vegas.
No entanto, disse, é necessário inovar constantemente e oferecer à audiência o que ela quer em muitas plataformas. "Nosso futuro depende de inovar e adotar tecnologias que ajudem a entregar nosso conteúdo em qualquer plataforma para as futuras gerações. Chegou a hora de nos unirmos na adoção de novas tecnologias e perceber as consequências se não fizermos isto".
Smith lembrou que muitas emissoras adotaram a transmissão de TV para dispositivos móveis, "entregando o sinal de televisão aos consumidores onde quer que eles estejam – em suas casas, carros ou em uma partida de baseball".
Vale lembrar, o padrão de transmissão móvel norte-americano foi desenvolvido após a demanda do mercado brasileiro, durante as negociações em torno da escolha do padrão de TV digital para o Brasil. O padrão móvel estadunidense só ficou pronto após a decisão brasileira, mas acabou sendo adotado pelo ATSC e começa a ser implementado nos Estados Unidos, chegando atualmente 25 grandes cidades do país.
A adoção das transmissões móveis não é obrigatória nos Estados Unidos. Para o presidente da NAB, no entanto, é mandatória para manter a relevância da televisão aberta e garantir novas fontes de receita. "Na minha opinião, a televisão aberta deve considerar seriamente os desafios e oportunidades de adotar um novo padrão, permitindo às emissoras a flexibilidade necessária para melhor servir os espectadores, competir no mundo móvel e encontrar novos fluxos de receita", afirmou. Smith chegou a desdenhar das operadoras de telefonia móvel e suas estratégias para explorar a distribuição de conteúdo para dispositivos móveis. "Nossa arquitetura de um para muitos nos permite entregar um produto sem a necessidade de streaming, portanto sem congestionamento do sinal. Nossos competidores na indústria wireless querem ser parte do negócio de TV móvel, e estão investindo muito dinheiro nesta iniciativa. Eles até chamam seus serviços de 'mobile TV', mas eles nunca terão o que nós temos, a habilidade de entregar nosso conteúdo de alta qualidade de forma confiável".
Lobby
Ao afirmar estar "fugindo do script" preparado por sua equipe, Smith fez um apelo aos radiodifusores para que se juntem à associação na defesa dos interesses do setor em Washington. O presidente da NAB clamou os radiodifusores a irem ao Capitol Hill (sede do Congresso americano) falar com os parlamentares de seus estados, "para mostrar que se importam com estes temas a ponto de se deslocar". Além disso, ao afirmar que o alcance de uma única veiculação na TV aberta é tão grande quanto o de uma semana de publicidade em qualquer canal a cabo, propôs que os radiodifusores levem suas mensagens políticas ao horário comercial de TV, como obrigação para defender seus negócios. Defendê-los "com o governo ou do governo".
Internacional
A América do Sul também foi tema do discurso do Smith na NAB. Segundo ele, há um ano foi convidado pela International Association of Broadcasting para falar na América do Sul sobre o papel da radiodifusão na preservação da liberdade de expressão. "Fiquei surpreso pelo tema sugerido, porque como muitos nos Estados Unidos, eu assumi que isto era um direito humano fundamental em todo lugar. Mas algumas nações no hemisfério Sul estão a uma eleição de perder esta preciosa liberdade".
