A Siemens admitiu nesta sexta-feira, 8, em Munique, Alemanha, que examina uma série de opções sobre o futuro de sua deficitária divisão móvel. Entre essas opções, figuram a venda de toda a divisão ou a formação de uma parceria (ou joint venture) com algum outro fornecedor, numa mudança de postura em relação à aliança que a empresa mantém com a Sony Ericsson. Entre os novos parceiros, especulam-se os nomes da coreana LG e da chinesa ZTE, ambas com presença também no Brasil.
A divisão de comunicações da Siemens, que gera ? 18 bilhões de receitas, registra uma boa performance nas duas áreas de atuação ? na telefonia fixa e na móvel, em geral. Mas, Lothar Pauly, presidente da Siemens Communications, confirmou que a divisão de telefonia móvel perde dinheiro e registrou prejuízo nos três últimos trimestres consecutivos. A divisão também tem perdido market share em todo o mundo e passou da 3ª para a 4ª posição no mercado mundial, superada pela Nokia, Motorola e LG, respectivamente.
Balanço
No balanço do primeiro trimestre de 2005 (que compreende o período de outubro/2004 a dezembro/2004), a Siemens relatou um prejuízo de ? 143 milhões com a divisão de telefones móveis, ante um lucro líquido de ? 64 milhões no mesmo período de 2004. As vendas de telefones móveis caíram de ? 1,486 bilhão no mesmo período em 2004 para ? 1,170 bilhão em 2005. Segundo o balanço, no trimestre foram vendidos 13,5 milhões de aparelhos (15,2 milhões no primeiro trimestre de 2004) e o preço médio de venda também caiu, de ? 98 para ? 86.
No início de março, o vice-presidente da Siemens Communication no Brasil, Aluizio Byrro, anunciou que a empresa investiria R$ 230 milhões no País este ano. Os investimentos abrangem as áreas de handsets, telefonia fixa, estações radiobase GSM/GPRS e modems ADSL nas unidades de Curitiba (PR) e Manaus (AM). A divisão de comunicações da Siemens no Brasil foi, no ano passado, responsável por um faturamento de R$ 3,3 bilhões, ou mais da metade do faturamento total da empresa, de R$ 6 bilhões.
Reestruturação
No final de janeiro, em prosseguimento à reestruturação anunciada em outubro do ano passado, a Siemens cortou 1,25 mil empregos da divisão Fixed Networks em todo o mundo. O objetivo era otimizar recursos para assegurar a competitividade da divisão em novas áreas de crescimento, como voz sobre IP (VoIP), acessos Ethernet, aplicações e serviços para redes banda larga e home entertainment. Do total de demissões, 600 vagas foram cortadas na Alemanha – 400 em Munique e outras 200 em Berlim. As 650 demissões restantes aconteceram nos escritórios regionais da Siemens distribuídas pelo mundo. No Brasil, não houve cortes e a estimativa é que a empresa gastou ? 600 milhões com esta reestruturação.
O presidente da Siemens Communication diz que as razões para a queda de posição da empresa no ranking mundial se devem, sobretudo, ao atraso no lançamento de produtos para o mercado, o que teria prejudicado o market share da empresa alemã. Nos preços, segundo o executivo, a Siemens é tão competitiva quanto os fornecedores europeus e asiáticos ? o aparelho da Siemens custa, em média, ? 86. Outro problema da empresa é o atraso no lançamento de handsets 3G.
Segundo o presidente, não importa a opção que a Siemens escolha ? uma parceria, a venda da divisão ou a formação de uma cooperação -, e sim focar a divisão como um todo. Aparentemente, a única opção descartada é o fechamento da divisão, o que destruiria valor da empresa-mãe.