Rezende confirma ideia de criar entidade para administrar compartilhamento de redes

O conselheiro João Rezende, relator do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) a ser editado pela Anatel, apresentou nesta terça, 7, durante o Seminário Telesítese, uma prévia das medidas a serem sugeridas no novo regulamento como regra às empresas com poder de mercado significativo (PMS) com o objetivo de alavancar a concorrência, baixar preços e melhorar a qualidade dos serviços. Ele ressaltou que todas as medidas em andamento ainda estão sujeitas a ajustes e revisão em todas as etapas de discussão; e passarão ainda por consulta pública.
Rezende alertou que tanto cuidado visa aprimorar o relatório final do PGMC, que deverá ser apresentado ao Conselho Diretor antes dos 60 dias sugeridos pelo ministro Paulo Bernardo. De acordo com Rezende, além de terem de se submeter a uma entidade administradora da capacidade de tráfego disponível ao atacado, a ser criada pela regulamentação (conforme havia antecipado este noticiário em abril), as empresas com PMS seriam, pela sugestão da área técnica, obrigadas a fazer oferta pública de todos os produtos disponíveis para venda industrial, seja banda larga, linha dedicada (EILD), backbone (longa distância) e backhaul (local), interconexão, última milha, elementos de rede e de infraestrutura passiva (como dutos e postes).
Essa entidade administradora não será estatal e terá na Anatel apenas um órgão de acompanhamento, responsável pela homologação das ofertas públicas. Após a homologação, as ofertas terão de ser praticadas pelos grupos com PMS. A razão de se criar uma entidade para administrar essas relações é para evitar que a Anatel seja acionada para resolver qualquer pendência entre as empresas e tenha que ficar arbitrando preços. Com a entidade, a Anatel só seria acionada em caso de impasse.

Notícias relacionadas
Critérios para PMS
Rezende também relacionou os sete critérios a serem observados para que o grupo seja considerado detentor de PMS: participação no mercado; presença de economia de escala; de economia de escopo; controle sobre a infraestrutura cuja duplicação não seja viável economicamente; poder de negociação nas compras de insumos, equipamentos e serviços; atuação concomitante nos mercados de varejo e atacado; acesso privilegiado a fontes de financiamento; e outras condições específicas de cada mercado relevante.
No caso do mercado de TV a cabo, por exemplo, serão adotadas medidas de proteção direta ao consumidor no varejo, como a proibição de exclusividade da programação e de marca do set-top box usado pelo assinante para receber o sinal do serviço. O conselheiro também anunciou medidas pontuais associadas a cada mercado relevante, como fixação de percentual mínimo de infraestrutura a ser disponibilizada para compartilhamento; instalação de pontos de troca de tráfego (PTT), para evitar o passeio de sinal de dados e reduzir custos da operação; prática de descontos temporários de linha dedicada para pequenas empresas; e percentual mínimo de backhaul a ser disponibilizado para terceiros.
Os estudos já identificaram a existência de PMS em cada mercado dos diferentes municípios brasileiros. No de TV paga, há 94 municípios com empresas com PMS e 5.470 sem (as com PMS são, evidentemente, as operadoras de cabo); no de banda larga, o corte competitivo são três redes com 10% do mercado cada, critério pelo qual 4.354 cidades terão PMS e 1.210, não; no caso de EILD local, a relação é de 4.540 municípios em que há uma empresa com PMS (a incumbent, obviamente) e 24 sem; no EILD de longa distância, com pelo menos quatro redes, há 4.651 municípios em que há empresa com PMS e 913 sem empresas com PMS; no mercado de interconexão fixa, onde existe um monopólio natural, todos os 5.564 brasileiros têm PMS.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!