Novo presidente da CVM assume e sai em defesa de Cantidiano

A posse de Marcelo Trindade na presidência da CVM realizada nesta segunda, dia 7, foi usado, de certa forma, como um ato de desagravo ao presidente demissionário. Cantidiano, que também discursou, ressaltou o crescimento no número de inspeções e de abertura de processos administrativos durante sua gestão e reclamou das acusações que sofreu da imprensa nos últimos meses a respeito de seu relacionamento no passado com o Opportunity. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, também presente na cerimônia, disse que aceitou contrariado o pedido de demissão de Cantidiano e elogiou o trabalho "de grande competência" dele à frente da CVM nos últimos dois anos. Ao fim, o ministro recomendou que o ex-presidente da autarquia não devia "carregar mágoas", pois na vida pública "é comum enfrentar polêmicas".
TELETIME publicou, em diversas ocasiões desde a posse de Cantidiano, reportagens e editoriais apontando a relação conflituosa entre a sua posição como presidente da CVM e suas práticas no passado como advogado do setor privado. Ele foi um dos principais responsáveis pela montagem das estruturas societárias que hoje sustentam o Opportunity no controle de empresas de telecomunicações, estruturas essas questionadas pelos demais acionistas nas mesmas empresas. As denúncias de TELETIME são investigadas hoje pelo Ministério Público Federal e pela Controladoria Geral da União.

Patrono

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Em função dessas reportagens e editoriais, Luiz Leonardo Cantidiano processa o diretor geral de TELETIME, o jornalista Rubens Glasberg, por supostos danos morais. Vale destacar ainda que Marcelo Trindade é quem assina a petição inicial do processo judicial que Cantidiano move contra a publicação, ao lado dos advogados Sérgio Bermudes e Hélio Saboya. "Acho que foi cometida uma injustiça com Cantidiano. Espero que um dia a Teletime reconheça publicamente este erro", afirmou o novo presidente da CVM, que, enquanto ocupar o cargo não irá advogar em nenhuma causa. A Comissão de Ética Pública, ligada à Casa Civil, analisará agora, após a nomeação de Trindade para a CVM, se há ou não conflito por ele ser advogado de Cantidiano justamente na ação em que os conflitos de interesse são discutidos.
Para Rubens Glasberg, diretor geral da TELETIME, a publicação cumpre o seu papel ao informar os leitores sobre conflitos de interesse relacionados a funcionários públicos e entidades privadas. "Cantidiano foi advogado do Opportunity e montou, em parte, a estrutura societária das empresas de telecomunicações cujos sócios vivem em briga por conta justamente dessa estrutura. Sabia, por exemplo, que o Citibank é controlador da Brasil Telecom sem nunca ter tornado isso público, nem aqui, nem nos EUA. Fez isso como advogado e tudo está documentado, e nenhum desses fatos foi questionado. O conflito, portanto, existe, pois são questões relevantes ao mercado de capitais e ao investidor, pelos quais a CVM tem que zelar. Se não há conflito, por que ele está deixando o cargo?".

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