A definição de um padrão técnico da TV digital por parte do governo, esperada para os próximos dias, foi duramente criticada pelos participantes durante a abertura da Telexpo. Entre diversos participantes, é certo que o governo já teria se decidido pelo padrão japonês ?com apenas algumas modificações?.
Para Silvio Lemos Meira, do Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), antes da definição do padrão tecnológico seria importante a definição de uma política industrial e de um modelo de negócios para o País. Por ser um ano eleitoral, segundo representantes da Abranet, ABTA e do Cesar, essa decisão deveria abarcar o Congresso e a sociedade, que pouco foi ouvida no processo. E por ser um ano eleitoral, a decisão é ainda mais difícil de ser tomada, pois a parte técnica fica em segundo plano com relação à decisão política.
Para Meira, do Cesar, as pesquisas para o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) foram fundamentais para o País "criar competências na área de TV digital, tanto que saímos de 20 pessoas que entendiam do assunto para mil engenheiros especializados com investimentos relativamente baixos de R$ 50 milhões, para o porte de um projeto como este?, diz.
Para Aloizio Byrro, da Siemens, o melhor que o governo poderia fazer seria adiar a decisão sobre o padrão de TV digital. ?Sem a mudança nas atuais leis (de radiodifusão e LGT ? Lei Geral das Telecomunicações) fica difícil o estabelecimento de uma política industrial para o setor. Teríamos de definir primeiro o que o País quer com a TV digital (teleducação, telemedicina etc), discutir isso com a sociedade e com o Congresso e depois tomar uma decisão sobre o padrão?, afirma.
Vale lembrar que a Siemens é uma das empresas que detêm tecnologias no padrão DVB. Ao lado de outras fornecedores de telecomunicações, ela vem brigando para que o governo adote o padrão europeu.
