Ultra banda larga ainda tem demanda "emocional" no Brasil

As operadoras investem para oferecer velocidades cada vez maiores em uma corrida pela conexão com maior capacidade, mas a realidade brasileira pode não ser necessariamente por uma questão de demanda real de uso. Representantes das operadoras Algar Telecom, Net Serviços e On Telecom foram unânimes ao afirmar durante painel na ABTA 2014 nesta quarta, 6: a grande maioria da base ainda não sente que precisa da chamada "ultra banda larga".

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O que leva mais o consumidor a querer adquirir ofertas com velocidades como a de 100 Mbps da Algar Telecom, segundo o diretor de marketing da empresa, Márcio de Jesus, é o efeito da "grama do vizinho".  "De 90% a 95% do cliente tem o perfil bem atendido com 15 a 20 Mbps. Mas o vídeo pela internet, que é o maior gerador de tráfego, ainda tem muita coisa que não está em HD e que tende a ficar em HD, e daqui a pouco tem o 4K", diz. Ele espera que essa tendência mude com o aumento da demanda por tráfego, mas reconhece que, no momento, a questão é mesmo psicológica. "Tem apelo emocional que leva o cliente."

Por outro lado, a oferta de velocidades maiores ou simétricas para upload estão em um horizonte distante. Um possível pacote diferenciado com taxas diferenciadas faz parte do roadmap da Algar, mas sem uma data. "Tem demanda de nicho, principalmente para pessoas que jogam videogames e têm grande necessidade de upload", diz Márcio de Jesus.

Na Net,  que oferece planos fixos de até 500 Gbps, a questão seria a mesma. "A grande maioria da população brasileira, especialmente nas cidades onde a gente atua, hoje é bem atendida com 10 Mbps. Alguns momentos chegamos com oferta similar (em preço) de 30 Mbps, e ele (o cliente) diz que não quer, que prefere o de 10 Mbps", declara o gerente de marketing da Net, Fábio Nahum.

O diretor de operações da On Telecom, Carlos André Albuquerque, não tem dúvidas que, no futuro, a demanda chegará às altas capacidades. Mas ressalta: "O mercado de ultra banda larga está sendo muito mais provocado por marketing do que por necessidade." O entendimento dele é que o mercado puxa a briga, mas que as velocidades oferecidas (de 5 Mbps a 15 Mbps) pela operadora de banda larga fixa em TD-LTE é suficiente "98% das vezes".

Preparação da rede

Se por um lado as ofertas de ultra banda larga ainda seriam parte da estratégia de  marketing das operadoras, o problema pela alta demanda começa a ser antecipado e pode forçar as operadoras a adotarem o modelo de franquia. A On Telecom, por conta do tipo de rede, já adota franquias de tráfego, e diz que seus usuários convivem bem com isso.

Mas é preciso sustentar a infraestrutura quando a demanda chegar. "Isso já começa a impactar na parte de backbone, na parte de core de rede, mesmo que chegue com fibra", explica Márcio de Jesus, da Algar, citando investimentos grandes também para não ser necessário colocar um limite na cota mensal de dados da conexão fixa. "Em algum momento pode ser importante, e pode ser que franquias sejam necessárias", reconhece.  Fábio Nahum diz que, no caso da Net, também há atenção para o investimento em core de rede, mas que a franquia praticada nos planos fixos da empresa são "medidas de segurança contra ações abusivas", e que não chegam a ser atingidas por nem 1% da base, e ainda não há planos de mudar o modelo.

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