O presidente da Telebrás, Jorge Motta, em entrevista exclusiva a TELETIME News, negou que a empresa tenha perdido o prazo de recurso em relação à ação indenizatória proposta pela empresa de telesorteios VT UM. Segundo Motta, o que aconteceu foi que a empresa perdeu a ação na última instância à qual poderia recorrer. ?Dali em diante, só resta negociar com a empresa que ganhou a ação?. Questionado sobre a razão da Embratel ter negociado de forma independente da Telebrás, Motta rebate de pronto: ?Pergunte a eles porque foi que negociaram antes que fossem encerradas todas as possibilidades. Como empresa cujo acionista controlador é o governo, nós não poderíamos negociar antes que todas as possibilidades de recursos jurídicos fossem encerradas?. Neste ponto, Motta aproveita para questionar a forma como foi feita a privatização: ?Deixaram com a Telebrás todos os esqueletos e venderam as empresas sem dívidas. Acontece que os compradores não devem ter percebido a importância deste processo contra a Embratel. Como se trata atualmente de uma empresa privada, eles negociaram de forma independente, talvez acreditando que quanto antes negociassem melhor seria para a empresa?. Motta disse ainda que a Telebrás tentou saber da Embratel qual o valor do acordo: ?A empresa negou-se a fornecer a informação e o juiz negou à Telebrás, que era parte do mesmo processo, o direito de conhecê-lo por tratar-se de um negócio privado?.
Um outro questionamento de Motta refere-se a quem foi que permitiu a quebra do contrato da Embratel com a VT UM: ?Porque ninguém pergunta quem eram os administradores da Telebrás e da Embratel que romperam indevidamente o contrato com a VT UM??, questiona. Na época, o presidente da Embratel era Dílio Penedo e, da Telebrás, Fernando Xavier. Finalmente, o presidente da Telebrás afirmar que pensar que apenas um processo perdido acabará com a empresa é uma bobagem, ?até se refletirmos a partir do ponto de vista da empresa que ganhou a ação contra nós. Ela vai querer falir a Telebrás? Aí é que ela não recebe nada mesmo, pois a prioridade é dos funcionários?, lembrou.
Corporativismo
Para o presidente da Telebrás, toda esta movimentação é resultado de uma atitude corporativista dos funcionários da Telebrás, especialmente os que estão lotados na Anatel. Motta afirma que apenas na sua administração, que já dura pouco mais de um ano, é a terceira vez que os funcionários da Anatel se mobilizam em função de boatos de que o PISP ? Programa de Indenização por Serviços Prestados ? pode acabar. Aliás, Motta não aceita a tradução da sigla. Para ele trata-se de um programa de demissão incentivada que deveria durar no máximo dois anos e que já existe há oito anos: ?Eu nunca vi isso, um programa de demissão voluntária que não acaba nunca?, afirma. Para solucionar esta dúvida, o presidente da empresa prometeu fornecer a TELETIME News, ainda esta semana, uma cópia do termo de adesão ao PISP. Motta disse que, a seu próprio pedido, esteve na Anatel para falar deste assunto, mas ?foi a última vez, porque não vou dar mais conversa para ações corporativistas. Se alguém disser que sabe quando é que o PISP ou a própria Telebrás vai acabar, está mentindo. Foi isso que eu disse aos funcionários da Anatel quando estive lá. Se eles queriam ouvir de mim que eu garanto que ela não acaba agora, eu não posso garantir nada. Eu garanto para você que no dia em que receber a ordem para liquidar a Telebrás, conforme determina a lei, pois a empresa está em extinção, eu me demito no mesmo dia. Eu não vou fechar empresa nenhuma. Meu compromisso com o governo foi manter a empresa funcionando para viabilizar o funcionamento da Anatel". Motta refutou ainda a informação que a Telebrás não teria avisado o mercado sobre o problema: ?Nós apenas temos que comunicar o fato à CVM e isso foi feito de forma sigilosa, como determina a lei. Não cabe nenhuma comunicação ao mercado acerca de ações que a empresa tenha perdido na Justiça?.
Correção
Ao contrário do que noticiamos, Jorge Motta não foi secretário executivo do Ministério das Comunicações na gestão do ministro Eunício de Oliveira, mas chefe de gabinete do ministro naquela gestão.