Após anunciar o plano de separação da operadora francesa SFR da estrutura da holding no final de 2013, o conglomerado Vivendi confirmou na quinta-feira, 5, ter recebido duas propostas por este ativo, ambas de grupos franceses.
Uma das propostas foi feita pela operadora Bouygues Telecom, que ofereceu o pagamento de 10,5 bilhões de euros em dinheiro à Vivendi e 46% das ações da empresa resultante da fusão das duas companhias, o que precificaria a SFR em cerca de 14,5 bilhões de euros. O negócio permitiria ainda à Vivendi se desfazer dessa participação restante com ofertas públicas de ações no mercado.
A outra proposta veio do grupo que opera TV a cabo e banda larga na França, Numericable. A companhia não chegou a divulgar oficialmente os termos da oferta, mas a mídia internacional, citando fontes familiares ao negócio, a estimam em 11 bilhões de euros em dinheiro e 32% da nova empresa combinada, o que precificaria a SFR em algo em torno de 15 bilhões de euros.
Do ponto de vista regulatório, a primeira enfrentaria maiores dificuldades, tendo em vista que a união de SFR e Bouygues Telecom se trataria da fusão da segunda e terceira maior operadora móvel da França, respectivamente. A Orange é a líder de mercado. Seria possível inclusive que a Bouygues tivesse de devolver algum espectro aos reguladores franceses. Nesse sentido, por não ter ainda uma operação móvel, Numericable não causaria uma concentração de mercado e se mostraria mais simples de ser aprovada pelas autoridades francesas, mas, em contrapartida, não resolve a guerra de preços por clientes que tem pressionado as receitas das operadoras móveis daquele país.
A Vivendi afirmou que planeja chegar a uma decisão sobre as ofertas nas próximas semanas.
Remanescente
Aos poucos, a GVT caminha para se tornar a última operação de telecomunicações do conglomerado francês Vivendi, que desde o ano passado vem deixando clara sua intenção de virar um grupo internacional de mídia, juntando marcas fortes na produção e distribuição de conteúdo original. Enfrentando dificuldades financeiras, durante o ano passado a Vivendi vendeu a operadora Maroc Telecom por 4,2 bilhões de euros e sua participação na editora de games Activision Blizzard por US$ 8,2 bilhões. A holding chegou a tentar vender a operação brasileira, mas decidiu suspender a oferta ao não conseguir interessados a pagar os 7 bilhões de euros que queria pela GVT.
Vale lembrar que quando a Vivendi resolveu separar o negócio de telecom de seu mercado doméstico da estrutura principal da holding, o mesmo não aconteceu com a GVT, que foi mantida em meio a seus negócios de mídia. Não há ainda nenhuma retomada oficial de negociação para venda da subsidiária brasileira.