Diversificação e novos serviços: os desafios aos operadores regionais

Debate no Evento NEO 2022 discute novos serviços e cenário econômico

Os desafios econômicos das empresas regionais de telecomunicações passam hoje pela diversificação de oferta, busca de maior rentabilidade e ampliação dos serviços para além da conectividade. Em debate realizado na abertura do Evento NEO 2022, operadoras regionais e provedores de redes neutras, assim como fornecedores de tecnologia, apontaram para a perspectiva de crescimento do setor.

"O mercado viveu um período de forte antecipação de demanda durante a pandemia, mas não há sinal de que haverá desaceleração. Ao contrário", diz André Kriger, CEO da FiBrasil. Para Alexandre Moshe, CEO da Alloha, "as oportunidades existem de forma diferente nos diferentes Brasis". Segundo ele, os resultados do ano devem ficar acima do previsto por conta dos efeitos da redução de ICMS e do Auxílio Brasil. Ele também aponta o modelo de desenvolvimento de parcerias para a oferta de novos serviços.

Para Renato Paschoareli, VP de assuntos institucionais e regulatórios da Algar, não existe no mercado sinais de crise de demanda. "Ao contrário, o consumidor de banda larga busca hoje educação, entretenimento e conteúdo".

Notícias relacionadas

Segundo Paschoarelli, o mercado regionalizado é muito mais pujante e demanda mais tecnologia dos operadores.

Agro

O ex-presidente da Telefônica no Brasil e no Peru e ex-conselheiro da Anatel, Antônio Carlos Valente, hoje presidente da Smartware Consulting, analisa que os pequenos provedores cumpriram um papel que não era imaginado pelo regulador nos primeiros anos deste século, de levar a conectividade mais longe para as áreas urbanas não periféricas e parte das regiões rurais. "Os ISPs são a prova viva de que o mercado encontra soluções para os desafios econômicos e de infraestrutura".

Mas ele acredita que ainda existe um caminho a ser percorrido. Segundo ele, ainda falta ao setor uma visão de atuação mais próxima do agronegócio, por exemplo. "Somos 4,5 vezes a Ucrânia (em produção de grãos), e ainda assim vejo pouca proximidade do setor de telecom longe desse setor", diz ele, em referência ao esforço que a Europa tem feito para garantir o fluxo de alimentos vindos da Ucrânia, em guerra com a Rússia, e os fortes impactos na economia global.

Para Carlos Landim, CEO da FS Security, o desafio hoje é fazer com que provedores regionais avancem na oferta de serviços para além de conectividade. "Vejo oportunidades no setor de segurança, transações financeiras, saúde, conteúdo e vários outros segmentos", diz ele. 

Redes neutras

Para André Kriger, a chegada das redes neutras deve mudar essa possibilidade porque fará com que as empresas prestadoras de serviço se foquem na oferta de valor adicionado aos clientes. "A gente chega compartilhando o custo da infraestrutura com 20, 30 clientes ao mesmo tempo, o que otimiza o custo e melhora a margem, e isso permite aos operadores expandirem seus modelos de negócio". 

Para Moshe, da Alloha, o modelo de rede neutra pode ser interessante a depender de uma equação que envolve distância da estrutura atual, desenvolvimento de novos mercados e novas oportunidades.

Paschoarelli, da Algar, as operadoras regionais têm um desafio de desenvolver um ecossistema de parceiros e empresas que possam ajudar no desenvolvimento de serviços digitais. "As empresas de telecomunicações regionais sempre tiveram o foc na qualidade do serviço, e agora enfrentam o dilema de ganhar escala. A questão é como se diferenciar nesse cenário competitivo", diz ele. 

Passado e presente

Para Antônio Valente, o mercado hoje é muito diferente, e os desafios do regulador também. "Mas muitas das discussões que vemos hoje já apareciam lá atrás. A discussão sobre o modelo de redes neutras surgiu com o debate sobre unbundling, mas agora o modelo fez sentido. O regulador sempre vai ter que enfrentar esses desafios, mas não pode perder de vista o consumidor". Da mesma forma, diz Valente, o que faz com que as empresas enfrentam com mais ou menos sucesso esses novos desafios e conflitos é justamente no tratamento que darão aos clientes. "Esse precisa ser o diferencial de qualquer operador". (O jornalista viajou a convite da Associação NEO)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!