Um grupo de dez países ocidentais liderado pelos Estados Unidos e seus principais aliados publicou uma declaração conjunta com "princípios" para o avanço da tecnologia 6G – o que inclui, entre outros pontos, "proteção à segurança nacional", resiliência e "definição de padrões inclusivos".
As nove nações ao lado dos EUA na carta são Austrália, Canadá, República Tcheca, Finlândia, França, Japão, República da Coreia, Suécia e Reino Unido. Esses países sediam algumas das principais empresas globais do mercado de telecomunicações.
Por outro lado, a declaração exclui a China – país que vem liderando o desenvolvimento do 5G a nível mundial. A declaração conjunta também chega em um momento de disputa tecnológica entre Estados Unidos e China sobre a sexta geração de redes móveis e outras tecnologias emergentes.
O que diz a declaração sobre 6G
A carta conjunta endossada pelos dez países fala em trabalho colaborativo e apoio para "uma conectividade aberta, gratuita, global, interoperável, confiável, resiliente e segura".
Ao mesmo tempo, a carta divulgada pela Casa Branca apelou para que outros governos e estruturas organizacionais do mundo se juntem à iniciativa para a defesa desses princípios. Estes seriam estabelecidos por meio de políticas que, por sua vez, teriam o poder de encorajar arcabouços semelhantes em países terceiros.
O primeiro princípio menciona a criação de um ecossistema com comunicações seguras e confiáveis que facilitem a capacidade dos governos e parceiros participantes de "proteger a segurança nacional". Além disso, também foi destacado que o 6G deve ser resiliente, projetado para falhar com segurança e se recuperar rapidamente.
Também falou-se sobre a definição de padrões inclusivos e liderados pela indústria global, por meio de colaborações internacionais e "processos de tomada de decisão abertos, transparentes, imparciais e baseados em consenso". A declaração trata ainda sobre a necessidade da preservação da inovação em redes abertas e interoperáveis – tanto em software quanto em hardware.
Por fim, a declaração trata sobre política de espectro que promova competitividade e de tecnologias 6G "que poderiam fazer uso de novas alocações de espectro ou espectro que já foi alocado para serviços sem fio", inclusive como políticas de compartilhamento e uso eficiente do recurso radioelétrico.
O que dizem especialistas
Um analista ouvido pela publicação chinesa South China Morning Post avaliou que a carta lançada pelos EUA e aliados pode ser lida como uma espécie de esforço para frear o desenvolvimento do 6G pela China. Porém, o especialista salientou que essa medida pode não surtir os efeitos esperados. Isso porque, de acordo com o analista, a trajetória da tecnologia depende da evolução de práticas comerciais.
Outro pesquisador destacou que o tamanho dos mercados em que a tecnologia é desenvolvida é um fator determinante para o sucesso da rede. A China, de acordo com ele, tem uma vantagem importante – já que dispõe de uma base expressiva de usuários em relação a países menos populosos.