Embratel tem resultados bons, mas com reservas

Analistas do mercado de ações consideraram bons os resultados da Embratel referentes ao quarto trimestre de 2002: depois de sete trimestres consecutivos de prejuízos, a operadora voltou a apresentar lucro (R$ 111,9 milhões), como TELETIME News havia antecipado. O EBITDA, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, foi de R$ 316 milhões, totalizando R$ 1,4 bilhão no ano (36,2% superior ao de 2001).
A resposta foi boa. Nesta quarta-feira, as ações preferenciais (EMTP4) chegaram a subir mais de 6% (fecharam no horário normal com 4,17%, a R$ 3,25). As ordinárias alcançaram 4,87% no pico do dia (fechamento a R$ 4,01 ou 2,82%) e as ADRs, 5,68%, a US$ 0,93. Só não mantiveram os percentuais mais altos porque a movimentação é mais de traders do que de investidores.
Tratou-se, principalmente, dos efeitos da valorização do real frente ao dólar (cerca de 10%), com impacto positivo sobre o endividamento da operadora.

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Note-se, porém, que esses analistas acreditam que as perspectivas da companhia ainda são incertas, pois a sua rentabilidade se baseia apenas no corte de custos, dado que as receitas estão em queda. Além disso, ainda não estão fechados os acordos de refinanciamento da sua dívida, o que dificulta a análise da situação estritamente financeira.

Resultados razoáveis

De fato, a Embratel perdeu receitas no último trimestre do ano passado: totalizou R$ 1,720 bilhão, 7% menos que em igual período de 2001. Sentiu o impacto da concorrência, perdendo ligações de longa distância nacionais e internacionais. Apenas serviços de dados e Internet cresceram (4%, num total anual de R$ 1,757 bilhão).
Essa perda de receita foi compensada pelo corte de despesas com interconexões e redução de inadimplência. As provisões para devedores duvidosos representaram 8% da receita contra média anual de 8,8% e contra 15,5% em 2001.
Já em relação à dívida de US$ 1,4 bilhão, 62% estavam protegidos por instrumentos de hedge. A operadora tem vencimentos de US$ 750 milhões este semestre, que devem ser refinanciados, segundo a companhia. "As negociações estão progredindo firmemente. Nós estamos finalizando os detalhes contratuais", disse Norbert Glatt, vice-presidente de finanças. Os detalhes devem ser anunciados dentro de 30 dias.
Entre os termos que a Embratel busca nas negociações com seus credores está uma mudança no perfil da dívida, já que atualmente boa parte do débito é em moeda estrangeira, informou a gerente de relações com investidores da empresa, Silvia Pereira à Reuters, após a teleconferência de apresentação dos resultados. "Nesse processo de refinanciamento havendo uma oportunidade de mudança no perfil de moeda, acredito que nós vamos perseguir essa possibilidade", disse a executiva, sem fornecer mais detalhes.

Performance

"A Embratel tem que mostrar mais", disparou o especialista em telecom de um dos maiores conglomerados financeiros brasileiros. "A empresa tem caixa suficiente para dar conta das dívidas, mas ainda está longe de demonstrar como compensará as perdas de receita.
O analista observa que os próprios executivos da companhia reconhecem que não dá para contar com mudanças nas práticas atuais de cobrança por interconexões. De outro lado, ainda não é possível estimar as possibilidades abertas pela sua operação na telefonia local.
"Nos Estados Unidos, as operadoras de longa distância , como a AT&T e a Sprint, foram beneficiadas pelo uso das redes das operadoras de telefonia fixa a um custo muito baixo determinado pela Federal Communications Commission (FCC), a Anatel norte-americana. "Aqui, a vantagem comparativa não deve ser muito expressiva".

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