Além das mudanças operacionais anunciadas nesta segunda, 4, com as novas atribuições de Zeinal Bava e uma nova estrutura de controle financeiro, os executivos da Oi e da Portugal Telecom (PT) estão agora focados na aprovação do Memorando de Entendimento (MOU) entre seus acionistas e que dará aos acionistas portugueses uma participação menor na nova Oi (CorpCo), justamente para compensar o tombo causado pelo empréstimo de 897 milhões de euros da PT à Rioforte, subsidiária do Grupo Espírito Santo. Essa aprovação deve acontecer no começo de setembro.
Na avaliação de fontes familiarizadas com as negociações, esse MOU funciona, na prática, como uma blindagem contra a reestruturação do Banco Espírito Santo anunciada pelo governo português neste final de semana, e que resultou na segregação de todas as dívidas e pendências financeiras em uma empresa podre, controlada pelos acionistas portugueses (que são os mesmos da Portugal Telecom) e outra, saudável e com os correntistas do BES, controlada pelo governo português. Segundo analistas ouvidos por TELETIME, ao trocar os títulos podres por suas próprias ações, a Oi se livrou de precisar disputar com os demais credores a recuperação dos recursos.
Capitalização
Segundo estes observadores, o cenário mais provável é que os acionistas portugueses sequer venham a recomprar estas ações da Oi, que ficarão depositas em tesouraria. O que deve acontecer é que a Oi deve usar estes papéis para se capitalizar no momento em que o mercado estiver em melhores condições. Hoje estas ações valem cerca de R$ 3 bilhões.
Esta alternativa está prevista nas entrelinhas do MOU, quando a Oi se compromete a pagar para os portugueses a diferença em dinheiro entre o valor de mercado e o valor das ações definido no MOU caso haja o exercício de compra e as ações não estejam em tesouraria. Ou seja, a Oi pode dispor das ações quando quiser.