O Ministério do Comércio da China anunciou restrições para a exportação de materiais relacionados ao gálio e ao germânio, elementos fundamentais nas indústrias de semicondutores, telecomunicações e veículos elétricos. A medida foi tomada como forma de retaliação às novas sanções impostas pelos Estados Unidos e pela Europa, que buscam frear os chips eletrônicos produzidos no país asiático.
O estopim para a resposta mais incisiva da China pode ter sido a recente decisão da Holanda de restringir o acesso chinês à tecnologia de maquinário avançado para produção de semicondutores. Essa medida foi vista como um estreitamento da aliança holandesa com o governo americano.
As restrições dos asiáticos, que entrarão em vigor a partir do dia 1° de agosto, foram justificadas pela China como parte da política de "proteção à segurança nacional". Com o novo cenário, os exportadores desses metais serão obrigados a solicitar uma licença junto ao Ministério do Comércio da China caso queiram enviar os produtos para outras nações. De acordo com a nota do órgão, as empresas chinesas também deverão fornecer informações sobre os compradores e os pedidos realizados.
Líder mundial
De acordo com a associação Critical Raw Materials Alliance (CRM Alliance), a China responde por cerca de 60% da produção do germânio em todo o mundo, que são minérios considerados raros. Estados Unidos, Canadá, Finlândia e Rússia complementam o restante da produção global dos materiais. A produção mundial do gálio é ainda mais concentrada na China, que fica com 80% da fabricação global – segundo a CRMA.
A repercussão da medida chinesa
Alguns países mostraram preocupação com o anúncio feito pelo Ministério do Comércio da China. Em reunião realizada nesta terça-feira, 4, a Comissão Europeia destacou que as duas matérias-primas são estratégicas para a transição verde e digital do bloco econômico. Robert Habeck, Ministro da Economia da Alemanha, classificou como "problemática" a possível ampliação do controle para materiais como o lítio.
Já Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China, classificou como "fantasia" sugerir que qualquer outro mercado possa substituir a China a curto ou médio prazo na produção desses metais.