O peso econômico do audiovisual no Brasil, segundo dados da MPA

Foto: Pixabay

O ano de 2023 promete ser intensivo em relação a discussões sobre o modelo político-regulatório do audiovisual, com possibilidade de novas regras e marcos legais. Mas qual o tamanho do audiovisual no Brasil e qual o peso dos diferentes serviços? A resposta a esta pergunta não é simples e sempre estará sujeita a diferentes variáveis, mas um levantamento feito pela Motion Pictures Association (MPA) em parceria com a Oxford Economics pode trazer algumas referências. O material, publicado no segundo semestre de 2022, ainda se baseia em cálculos pré-pandemia, de 2019, mas mostra alguns números relevantes.

Segundo o relatório, o impacto direto do audiovisual na economia brasileira é de R$ 24,5 bilhões. Somando-se ainda o impacto indireto e induzido, a conta do impacto no PIB sobe para R$ 56 bilhões. Em relação a tributos, a geração direta é de R$ 3,4 bilhões, mas somando-se os tributos indiretos e induzidos, o total é de R$ 7,7 bilhões ao ano.

Em termos de empregos gerados, os números são igualmente superlativos: 657 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, ou 126,6 mil contando-se apenas a geração direta.

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O estudo mostra um forte impacto multiplicador do mercado audiovisual. Para cada R$ 10 de valor adicionado diretamente pelo audiovisual, outros R$ 13 são adicionados pela cadeia agregada, o que significa um fator multiplicador de 2,3 vezes no PIB e 5,2 vezes no emprego.

Em relação ao peso dos diferentes setores, o estudo da Oxford Economics mostra a seguinte relação: dos R$ 56 bilhões de PIB gerado pelo audiovisual, R$ 22,2 bilhões vêm da TV aberta (29%), R$ 19,2 bilhões da TV por assinatura (34%), R$ 4,7 bilhões dos serviços de VoD (8,3%), R$ 4 bilhões do segmento de exibição de cinema (7%), R$ 3,7 bilhões da produção e distribuição de filmes e TV (6,6%), e R$ 2 bilhões da comercialização e reprodução (3,5%). Vale lembrar que os dados compilados são pré-pandemia. De lá para cá, o segmento de TV paga perdeu base significativamente, o que tem impacto nos números, ainda que o segmento de VoD tenha crescido de maneira também significativa. Outro segmento fortemente impactado pela pandemia foi o de exibição.

Na rubrica empregos, considerando apenas os empregos gerados, segundo o estudo da Oxford Economics e da MPA, o maior empregador é o de TV aberta, com 48,3%, seguido pelo de exibição (dados de 2019), com 21,4%; produção e distribuição, com 13,9%; TV paga, com 7,5%; comercialização e reprodução, com 6,2%; e VoD, com 2,7%.

Vale notar, nos dados do relatório da MPA, reproduzindo dados da Digital TV Research, o peso de cada modalidade de serviços de vídeo-sob-demanda. Segundo o levantamento, de uma receita total de R$ 14,4 bilhões no segmento no Brasil em 2021, 67% vinham do segmento de SVoD (subscription VoD, como Netflix, Amazon, Globoplay etc), 21% do segmento de AVoD (bancado por publicidade) e 12% de outras modalidades, como compra transacional ou aluguel. 

Exportações

Segundo o levantamento, a indústria audiovisual gerou em 2019 um superávit de R$ 901 milhões em exportações de serviços audiovisual. O volume total exportado de serviços audiovisuais foi de R$ 1,1 bilhão em 2019, e R$ 1,2 bilhão em 2020. O melhor ano, nesse quesito, foi o de 2016, com uma exportação total de serviços audiovisuais de R$ 2,02 bilhões. Esse número não deve ser confundido com exportação e importação de bens audiovisuais, contudo. 

Sem cotas

Segundo dados da MPA e da Frontier Economics compilados de diferentes fontes, aumento de restrições de políticas audiovisuais, como cotas, teriam um impacto de redução de 4,3% nas exportações audiovisuais. Ainda segundo a MPA, políticas de cotas não estimulam uma produção audiovisual autossustentável, e induzem a uma redução dos custos de produção para o mero cumprimento de obrigações. Também na leitura da MPA, as cotas são prejudiciais especialmente às plataformas de VoD entrantes no mercado.

Assim, a política audiovisual sugerida pela associação, que representa os grandes estúdios e plataformas de VoD globais, seria aquela que propicia um ciclo virtuoso de investimentos e qualificação de mão de obra, com recursos diretos para produção local eatração de capital externo.

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