Parte importante da desvalorização da Bolsa nesta quarta-feira, 4, com destaque negativo para o setor de telecomunicações, deve-se aos boatos originados em Nova York de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estaria demissionário. Esse boato só foi negado pela assessoria de imprensa do BC apenas às 18 horas, após o fechamento do pregão normal. Os papéis de empresas de telecomunicações caíram mais, em boa medida, devido à relativamente maior liquidez. Mas não foi só isso. Estão pipocando relatórios desfavoráveis a algumas vedetes do setor como Telesp Celular e Telemar, por exemplo.
No caso específico de Meirelles, os boatos vinham até acompanhados de explicação: o presidente do BC teria ficado desapontado com a entrevista concedida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, nesta terça-feira, 3, entrevista aliás muito bem recebida pelo mercado e em que ele reitera que a alta da inflação de janeiro devia-se apenas a fatores sazonais e não, como justificou o Copom, a um movimento forte de reposição de margem de lucro pelas empresas.
Na verdade, não há demissão. Mas o fato, segundo fonte bem situada no Planalto, é que o ambiente no Banco Central, depois da decisão do Copom de interromper a queda das taxas de juros, ficou muito tenso. ?Os diretores do BC estão se sentindo muito isolados não apenas em relação ao governo, que não defende a decisão da instituição, mas também em relação a uma parte significativa do mercado?, disse a fonte. Fora isso, sentiram-se desprestigiados pelo presidente quando este declarou que a autonomia do BC era uma questão acadêmica. A percepção de isolamento é confirmada pelo diretor de uma forte instituição financeira, que diz ter recebido um telefonema de um importante diretor do BC, com queixas sobre falta de apoio.
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