A humanidade já é digital. O planeta, ainda analógico.

Marcio Lino, sócio fundador da Colin Consultoria

Desde a teoria de evolução das espécies de Darwin, devemos ter em mente o conceito da adaptabilidade da humanidade.  A sociedade muda com o tempo, e se adapta. Hábitos mudam, e geram novos costumes. Já o planeta é mais perene, há milhões de anos garantindo a existência dos ecossistemas vivos e regenerando continuamente biomas através dos séculos.

Os hábitos da sociedade no século XXI tem demandado mais de esforço do planeta para regenerar seus ecossistemas, trazendo à baila os conceitos do consumo consciente e da economia circular.

Algumas questões estão constantemente presentes nas notícias e posts em mídias sociais, como por exemplo, o efeito do plástico na vida marinha dos oceanos. Estudos do WWF (World Wide Fund for Nature) apontam que o volume de plástico nos oceanos irá quadruplicar até 2050. Alarmante!

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Mas na economia digital "não apresenta cadeias produtivas de impacto na extensão dos setores mais tradicionais pois, afinal, o ecossistema virtual não age sobre o mundo real".

Se você concorda com a frase entre aspas acima, quero lhe introduzir o termo e-waste, um dos riscos emergentes em ESG decorrente do crescimento das redes de telecomunicações e do uso de TICs apontados pela ITU (International Telecommunication Union). Os últimos dados (2019) publicados pelo E-waste Monitor, apontam para o crescimento de 2,5 Mt/ano de e-waste no mundo. Atualmente, um total de 53,6Mt gerados por ano (7,3Kg per capta!), 4,7 Mt de telecom.

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei n.º 12.305/2010) busca endereçar o tema, em especial ao que tange à coleta seletiva, a triagem, a reciclagem e destinação final de resíduos. A economia circular vai além, leva a pensar nas práticas que devem anteceder à reciclagem, como, por exemplo, reinserir seu velho device na cadeia de consumo para uso até final de sua vida útil, na aquisição de outro (celular, CPE, computador, smartTV etc) mais moderno. A boa notícia é que já existem iniciativas nesse sentido no Brasil.

O conceito também é praticado nas redes de telecomunicações. Seja pelo cambiamento de placas, pelo descomissionamento de sites com posterior reinstalação total em localidades ainda não atendidas. Uma prática inicialmente vista como oportunidade de redução de custos pelas prestadoras, aos poucos, passa também a ser vista como uma iniciativa de responsabilidade socioambiental. Um novo mindset que certamente muda escolhas e decisões.

Outro ponto positivo do ecossistema brasileiro é estímulo ao compartilhamento de infraestrutura passiva e ativa presente na regulação da Anatel. Uma política pública que evita a duplicação de redes na prestação do serviço. Tal política pública, perpetrada desde os primórdios da Agência, combate o e-waste na origem, na extração de recursos naturais e na cadeia produtiva e, consequentemente, reduzir o descarte de e-waste para o meio ambiente.

Quando conscientes do efeito de seus hábitos num mundo ainda analógico, pessoas, empresas e poder público incluem a economia circular em suas escolhas e consumo e investimentos.

*Sobre o autor: Marcio Lino é sócio fundador da Colin Consultoria, executivo do setor de tecnologia e colabora periodicamente com TELETIME sobre temas da agenda ESG. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.

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