O dono do banco Opportunity, Daniel Dantas, prestou depoimento ao delegado da Polícia Federal, Pedro Ribeiro, nesta sexta-feira, 1º de setembro, no Rio de Janeiro, sobre o escândalo do mensalão. O teor do depoimento não foi informado pela PF.
Dantas foi indiciado pela CPI do mensalão por conta de contratos firmados entre as operadoras Telemig Celular, Amazônia Celular e Brasil Telecom (quando ainda era gerida pelo Opportunity) e agências publicitárias de Marcos Valério. Segundo o relatório da CPI, algumas notas fiscais emitidas para a Telemig Celular simplesmente sumiram, "não se podendo ainda comprovar com exatidão a natureza dos serviços prestados pelas empresas do Sr. Marcos Valério". Muitas notas foram encontradas queimadas em municípios da região metropolitana de Belo Horizonte. Quando indagado a respeito pela CPMI, Daniel Dantas afirmou que aquelas notas não correspondiam a serviços prestados. Dantas não apresentou contraprovas devidamente justificadas da inexatidão das faturas.
Acervo da Telemig
As operadoras Telemig Celular e Amazônia Celular ainda estão sob o controle do Opportunity, embora o banco gestor tenha sido demitido pelo Citibank (principal acionista da empresa) em março de 2005. O que segura Dantas e seu grupo no comando das companhias são decisões liminares na Justiça. O STJ, que poderia abrir caminho para a destituição definitiva do grupo, está há mais de três meses adiando sucessivamente a votação da questão. As evidências ligando Dantas e Marcos Valério na Brasil Telecom só foram encontradas e entregues à PF e às CPIs que investigaram o mensalão depois que fundos de pensão e Citibank fizeram o trabalho de auditoria na companhia, ainda no ano passado.