A Coalizão DVB Brasil, grupo que reúne principalmente fornecedores europeus de equipamentos de televisão e telecomunicações e que atua em defesa da adoção do padrão DVB nas transmissões de TV aberta digital no Brasil, publicou nesta quarta, dia 1º, um documento com uma série de pontos para discussão que pretende levantar para o governo e a sociedade na "reestruturação do debate" em curso. É, até aqui, a primeira manifestação pública de um dos padrões estrangeiros em defesa do debate de um modelo para a TV digital. Os pontos colocados pela Coalizão DVB Brasil vão desde a necessidade de definição dos "objetivos do Estado" com a definição do padrão, passando pela análise da experiência internacional até o debate sobre a política industrial. O documento da Coalizão chega a se assemelhar a um roteiro de pontos que os fornecedores consideram relevantes para o debate.
Atraso
Perguntado por qual razão só agora, com o debate da TV digital na reta final, o grupo fez uma proposta clara das preocupações que pretende ver abordadas, Mario Baumgarten, diretor técnico da Siemens e integrante da Coalizão DVB Brasil, faz o mea-culpa. "Acho que até aqui os fornecedores não haviam se dado conta da complexidade do problema, ou estavam preocupados com questões mais urgentes", diz. Segundo ele, contudo, ainda é tempo de se colocar o debate de maneira organizada, com prazo definido. "Não defendemos um debate sem fim. Acho que o governo deveria estabelecer um período, de três, quatro meses, para fechar uma série de posições sobre os diferentes temas". Para Baumgarten, não existe nenhuma posição absolutamente verdadeira. "Uma vez me disseram, quando se discutia as faixas do GSM com a Anatel, que do confronto das verdades é que surgiria a verdade verdadeira. Acho que nesse caso da TV digital é a mesma coisa. Todo o mundo tem muito a dizer".
Japão
A Coalizão DVB Brasil também chama a atenção para o fato de que o padrão ISDB-T, japonês, ter permanecido isolado nos últimos seis anos no cenário internacional. "Nesse período, não houve nenhum outro país que sequer cogitou adotar o ISDB. Por que razão? Por que o Brasil seguiria rumo diferente?", questiona o executivo. Ele entende também que as negociações em curso deveriam ser abertas. "Acho que a sociedade tem o direito de saber o que está sendo oferecido ao País, até para poder cobrar depois".
A Coalizão DVB Brasil não faz críticas abertas ao relatório do CPqD sobre o Modelo de Referência, que ainda não foi tornado público pelo governo, mas dá a entender que sugeriria alterações. "O CPqD assume determinadas premissas no relatório que precisam ser testadas na prática, especialmente em relação à questão dos preços dos equipamentos. Afinal, quem vai pagar a conta final é o telespectador", diz Baumgarten. Para ele, assim como a Coalizão DVB Brasil está colocando seus pontos de preocupação de forma aberta, outros segmentos da sociedade devem fazer o mesmo, e todos esses pontos de vista precisam ser observados pelo governo.
Paralelamente às significativas melhoras havidas recentemente na condução do processo de decisão, a Coalizão sugere um debate público sobre o tema, visando obtenção de amplo suporte da indústria e da sociedade.
Confira a íntegra do documento distribuído pela Coalizão DVB Brasil em www.telaviva.com.br/arquivos/coalizao_dvb.pdf