?Não existe a menor chance de que a Anatel ou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovarem a compra da Embratel pelas três operadoras fixas.? A afirmação foi feita nesta terça, 27, pela vice-presidente de marketing e assuntos externos da Embratel, Purificación Carpinteyro, durante o seminário ?Competição e universalização: o que falta resolver?, realizado pela Converge Eventos, em São Paulo. A executiva atribuiu o impedimento a dois pontos principais: a operação da Embratel pela Telefônica, Brasil Telecom e Telemar traria prejuízo à concorrência, com a criação de um monopólio privado; e a proposta de ?esquartejar? a Embratel tornaria a empresa inviável do ponto de vista econômico.
Confiante de que a Corte de Nova York aprovará o contrato entre a MCI, controladora da Embratel, e a Telmex, para a venda da operadora brasileira, Purificación acredita que um adiamento da decisão seria apenas para o juiz requerer mais elementos que lhe permitam aprovar o negócio. Se isto não der certo, outra possibilidade é ser realizado um leilão, do qual poderiam participar também as três operadoras fixas e cujo resultado depois seria submetido à Anatel e ao Cade.
A vitória no negócio seria muito boa para as três fixas, garante Purificación. A Embratel ficaria vulnerável por falta de investimentos, o que beneficiaria essas operadoras em suas respectivas áreas de atuação, onde cada uma poderia estabelecer seu monopólio. ?A proposta de compra em si é um indício de cartel e deveria ser impedida pelos órgãos antitruste?, diz a executiva.
Segurança do satélite
A vice-presidente da Embratel afirmou que não há motivos para o governo temer pela segurança das informações que trafegam no satélite operado pela Star One, sua controlada. O governo já tem algo como golden share – o direito de veto sobre a venda do satélite -, que é uma disposição no contrato de concessão da Embratel que impede seus controladores de tomarem qualquer decisão sobre o destino do satélite sem falar com ele, lembra a executiva.
Unbundling
A questão do unbundling, ou compartilhamento da rede, não está resolvida no Brasil e muito menos no México, sede da Telmex que, aliás, é contra abrir sua rede naquele país. Posição idêntica à que é defendida pelas fixas no Brasil, enquanto a Embratel reivindica e luta pelo unbundling há anos. Mas numa eventual compra pelas fixas, Purificación disse que isto não significaria mudar a posição da Embratel em relação ao assunto: ?Só 20% do capital é do controlador, então não defenderemos, necessariamente, sua posição.?