Oi espera regulamentação para decidir migração da concessão, mas garante plano de investimentos

A migração da concessão para autorização é considerada pela Oi, mas ainda depende das condições e cronograma estabelecidos no decreto que regulamentará a nova lei de telecomunicações, a Lei nº 13.879/2019. O COO Rodrigo Abreu diz que apenas nesta etapa é que se discutirão internamente os cálculos. Conforme já havia declarado a este noticiário, ele explicou durante conversa com jornalistas na Futurecom nesta quarta, 30, que a sustentabilidade da empresa é urgente, uma vez que desde pelo menos 2015, a companhia acredita que as contas da concessão "são insustentáveis e geram fluxo de caixa negativo". A estratégia da empresa, por outro lado, considera justamente a geração de caixa, afastando rumores de intervenção. A mensagem é de que está tudo dentro dos planos.

O executivo prevê uma demora de 12 a 18 meses para a efetivação do novo modelo, mas garante que o plano de investimentos da empresa não dependia do antigo PLC 79 para "qualquer coisa de curto prazo". Ele assegura que a gestão de fluxo de caixa continua de acordo com o planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo. Para isso, "eventos" precisam acontecer de imediato para a obter os recursos necessários. Um deles já está em andamento: a fruição de R$ 3,1 bilhões do PIS/Cofins, que ele diz estar já transitado e julgado. "Normalmente é um processo razoavelmente complexo de ativação, mas já ativamos em todas as empresas o benefício, que desde o mês retrasado (agosto) está sendo auferido com o abatimento em todos os impostos federais sobre receita", declara, antecipando que isso já deverá ser refletido nos próximos resultados financeiros.

Outra questão, o processo da venda de ativos não estratégicos "mais tradicionais", também está em curso. A Oi está elaborando um "projetinho" no qual considera vender entre 500 e mil torres em um processo que considera mais simples por já haver uma demanda de players no mercado com interesse na aquisição. Já os data centers escolhidos entre cerca de dez disponíveis ainda estão sendo definidos em uma diligência. O Bank of America e o Merryl Lynch estão assessorando a empresa a criar todo o pacote de informações e prospecto. Outro ativo considerado para venda é o de fibras apagadas em áreas não estratégicas ou onde é duplicada, fruto de aquisições de empresas como Pegasus e MetroRede. "Para ser uma venda bem feita, precisa de um processo que demora um pouco, mas são ativos relativamente rápidos e demoram de três a seis meses para a conclusão, não mais do que isso", explica Abreu.

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A companhia também tem procurado se desfazer de um portfólio de 8 mil imóveis, com uma centena deles considerado "de alto valor", e que estão sendo o foco inicial. São ativos com valores entre R$ 50 milhões e R$ 200 milhões. "Temos vários processos de ativos grandes em andamento, e são prédios onde de fato já não existe nenhuma ocupação de concessão. A Anatel está fazendo o processo de anuência à medida em que acontece, e já existe a jurisprudência da Sercomtel que está sendo aplicada a outras concessionárias", declara.

A expectativa é de gerar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. "O processo está andando bem e conta com participação de consultores externos, com auditoria de valor e pelo menos três avaliações externas." Depois de uma eventual migração para autorização, esses 8 mil imóveis poderiam estar a venda, alguns com desocupação de centrais telefônicas, outros de imediato.

No caso da Unitel, a Oi ainda não pode abrir informações, mas o executivo diz que "continua existindo a confiança da viabilidade da conclusão do que imaginamos ser a venda e a entrada de recursos até o final do ano", e que não há sinais de que isso não vá ocorrer dessa forma. 

Negócio fixo

Rodrigo Abreu explica que pretende transformar a empresa no maior player de atacado no Brasil, aproveitando o extenso backbone de 370 mil km de fibra, 43 mil km de dutos e com cobertura de 2.270 cidades. A ideia é a de oferecer primeiro o ativo para o residencial em FTTH, com expectativa de já ter pelo menos 32 milhões de casas "economicamente viáveis" nas regiões 1 e 2, excluindo São Paulo. Mas há o potencial de chegar a mais residências, e aí entra a estratégia de chegar por meio de parceria com pequenos provedores no modelo de transporte, atacado ou backhaul. O executivo também quer oferecer uma espécie de franquia, com gestão de cliente local e uso de portfólio da Oi. A expectativa é de "pelo menos dobrar a receita, entre 2023 e 2024, chegando acima de R$ 3 bilhões", com aumento de quase R$ 1 bilhão "mesmo antes disso".

"A empresa tem na fibra o ativo principal, e a fibra residencial como maior negócio potencial de futuro que vai substituir a receita de cobre", disse. Também está na estratégia da companhia o mercado de B2B, que hoje tem uma receita anual de "quase R$ 6 bilhões". Por outro lado, a TV por assinatura via satélite (DTH) está claramente para trás nas prioridades da empresa.

Recuperação Judicial

Rodrigo Abreu considera o processo de recuperação judicial "quase uma condição de contorno, obviamente temporária, para possibilitar a rearrumação para ter estrutura financeira". No entendimento dele, isso ocorreu para que a empresa pudesse ter governança e "tranquilidade" para trabalhar, evitando conflitos.

Segundo o executivo, não há "nenhum conflito societário" atualmente na Oi. "Não tem nenhum acionista controlador, não tem acordo de acionista, nem conflito entre gestão e acionista; não tem conflito dentro do conselho, que é 100% independente. A gestão é melhor possível", afirma. Ele entende que cobranças de acionistas são normais, e algo no direito de acordo com a participação, mas que não determinam os rumos da companhia e nem têm informações privilegiadas. "É natural, não significa conflito, muito menos problema societário".

2 COMENTÁRIOS

  1. Nosso caro executivo está fazendo seu papel, passando otimismo e muitos objetivos. Mas falta combinar com os russos. Tudo o que ele pretende fazer outros players também já o fazem e tem planos de expansão. Além disso o mercado não confia mais na Oi. Ele terá muito trabalho pela frente. As chances são 50/50.

  2. A Oi morrerá se vender a rede móvel. No longo prazo, vai perder mercado para as outras.

    É melhor sofrer agora com perda de clientes e ir atualizando a rende aos poucos nos próximos 5 anos, mas manter a rede sob sua direção. Após esse prazo eles podem colocar a rede em pé de igualdade com as outras rapidamente e usar sua capilaridade em fibra para entregar maiores velocidades que as concorrentes.

    O leilão de 5G será determinante para a operadora se manter viva e para conseguir competir em pé de igualdade. Então, espera-se que eles participem e não vendam sua rede.

    Caso decidam vender, Anatel e Cade precisam bloquear a compra. O mercado já é muito concentrado na Vivo que cobra caro porque a Oi está combalida e é a única que tem a rede forte o suficiente para enfrentá-la. No Chile (país muito menor que o nosso) existem 4 operadoras e ninguém reclama.

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