Receitas financeira asseguram lucro para Globo; operação segue negativa

Os resultados financeiros da Globo referentes ao ano de 2022 divulgados pela empresa nesta terça, 28, mostram aumento de receita líquida de 6,3%, para R$ 15,1 bilhões. Com isso, a empresa retoma, em valores nominais, o patamar em que se encontrava em 2016, mas ainda distante de 2014, quando a TV por assinatura chegou a seu ápice no Brasil. Mas somando os custos de venda e serviços e as despesas administrativas, a Globo teve resultado operacional negativo em R$ 481 milhões, praticamente a mesma cifra encontrada em 2021 (quando o prejuízo operacional foi de R$ 471 milhões).

A boa notícia para o grupo foi o crescimento da receita financeira, para R$ 2,1 bilhões, o que fez com que, no consolidado, o lucro da Globo em 2022 fosse de R$ 1,25 bilhão, contra um prejuízo de R$ 174 milhões em 2021.

Destaque-se que em 2022 a Globo rolou dívidas de R$ 2,1 bilhões, mantendo seu índice de alavancagem em empréstimos em R$ R$ 5,4 bilhões, um pouco menos do que os R$ 5,7 bilhões de 2021.

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A empresa fechou 2022 com R$ 3 bilhões em caixa e R$ 11,5 bilhões em títulos e valores mobiliários, o que não apenas garante o colchão financeiro para o grupo como também traz a receita financeira, que tem sido importante no resultado final da Globo nos últimos anos.

Os resultados operacionais dos principais negócios da Globo (TV e Internet)  têm sido negativos desde 2017, mas apenas em 2021 passaram a ficar negativos no consolidado de todas as atividades. A explicação do grupo para os resultados anteriores passava pelos pesados investimentos em tecnologia e conteúdos para as operações do Globoplay, ao mesmo tempo em que a TV por assinatura, ainda uma importante fonte de receita, tem queda em função da retração do mercado. Nos últimos anos, a Globo tem trabalhado para reduzir custos em outras frentes, como contratação de talentos e direitos, mas em 2022, aparentemente, os gastos adicionais superaram os cortes, fazendo com que a empresa não conseguisse reverter o prejuízo operacional, a despeito do crescimento de receitas. Segundo a empresa (ver abaixo), os investimentos este ano devem ficar na casa dos R$ 5 bilhões.

Publicidade, aposta na Internet e investimentos

Em nota divulgada sobre os resultados, a Globo destaca os "bons resultados da publicidade na TV, que registrou aumento de 8%". Segundo a empresa, "o ano também marcou o maior faturamento em publicidade digital da história" e ressalta ainda que "no quarto trimestre de 2022, a receita líquida da Globo foi de R$ 4,5 bilhões, recorde trimestral dos últimos sete anos e um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2021".

A nota destaca que "o portfólio digital da Globo continua crescendo em linha com a estratégia D2C que a empresa adotou em sua transformação digital. Novas estratégias digitais e um forte investimento em conteúdo fizeram com que a base de assinantes do Globoplay aumentasse em 26,5% em relação ao ano anterior, com um reflexo de incremento de 36% na receita líquida no último trimestre. E o Premiere Play continua apresentando bons números, com aumento de 79% na base de assinantes em relação ao ano anterior", informa a empresa.

Já o aumento de 5% nos custos, segundo a Globo, se deve aos "altos custos de produção e de direitos de transmissão relativos à Copa do Mundo no último trimestre do ano". Ainda segundo a empresa, esse aumento de custos "resultou em um EBITDA anual negativo de R$ 41 milhões – porém melhor do que em 2021, quando o EBITDA da empresa ficou negativo em R$ 121 milhões". 

"Começamos o ano de 2022 com resiliência, solidez e disciplina, pois sabíamos dos grandes desafios de um mercado impactado pelo cenário econômico mundial. Alcançamos um resultado melhor do que o esperado, especialmente por nossa contínua capacidade de reinvenção de entregas na TV, em projetos como Copa do Mundo, Rock in Rio, BBB e Pantanal, e por nossas estratégias digitais, com novas ofertas e serviços para os consumidores", afirma Manuel Belmar, diretor de Finanças, Infraestrutura e Jurídico da Globo, em nota. "Para 2023, nossa expectativa é manter o volume de investimentos em conteúdo e tecnologia, da ordem de R$ 4 bilhões e R$ 1 bilhão respectivamente. Continuaremos com os pés no chão, com foco na disciplina de custos e na eficiência de nossas operações para equilibrar crescimento e rentabilidade", afirma Belmar.

A Globo dedica boa parte de seu relatório financeiro aos avanços da agenda ESG na estratégia do grupo, o que também é destacado na nota à imprensa. 

 "No último trimestre, demos início ao processo de estruturação do nosso relatório ESG 2022, que virá estruturado a partir de metas, ambições e indicadores que norteiam nossos seis grandes compromissos públicos. Seguiremos avançando cada vez mais nessa jornada, sem retorno", diz Belmar.

Os seis compromissos, reforça a nota, são: 1) produzir e distribuir conteúdo em sintonia com a sociedade, contribuindo para o desenvolvimento social e ambiental; 2) promover a inclusão e a diversidade nos conteúdos e nas equipes; 3) investir no desenvolvimento contínuo e no bem-estar dos colaboradores, buscando ser, cada dia mais, uma empresa da qual todos se orgulhem de pertencer; 4) valorizar e proteger a biodiversidade, promover a consciência ambiental e respeitar os limites naturais do planeta; 5) promover uma governança transparente e responsável; 6) apoiar ativamente a educação como vetor de transformação do Brasil.

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