Miro acusa Telefônica de tentar criar "fato consumado"

O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, acusou o presidente da Telefônica, Fernando Xavier, apesar de não citá-lo nominalmente, de tentar criar um fato consumado ao divulgar os números de reajuste acordados entre a operadora e a Anatel. "Quem fez um vazamento desta história tentando criar um fato consumado foi o presidente de uma companhia telefônica. E ali no Palácio do Planalto tem um outro presidente que teve 53 milhões de votos", disse Miro.
Segundo o ministro, por volta das 13h00 desta quinta, 26, o presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, telefonou para ele e passou números de "um possível acordo". Miro disse ter pedido que nada fosse divulgado até que os valores fossem passados ao presidente Lula, uma vez que os considerou muito ruins. "Eu liguei para o presidente Lula e disse que isto não era uma negociação e sim uma rendição", criticou. Depois enviou ofício ao presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, comunicando a insatisfação do presidente.
O ministro disse ainda que só quebrou o sigilo quanto ao conteúdo do ofício quando leu pela imprensa as declarações de Fernando Xavier, informando os valores que teriam sido acordados com a Anatel. A expectativa de Miro é que as negociações prossigam até que se chegue a um valor "justo", que mantenha o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

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Apesar de reconhecer a independência da Anatel para publicar o reajuste, mesmo com as manifestações contrárias do presidente, Miro acredita que a agência irá seguir as orientações de Lula. Caso isto não aconteça, o ministro disse que o governo irá recorrer às leis e Constituição para tentar reverter o reajuste.
O ministro lembrou ainda que enquanto as negociações aconteciam no âmbito dos ministérios das Comunicações, Fazenda e Justiça, o ministro Antônio Palocci afirmou que um reajuste, pelo menos da primeira parcela, superior a 17% é inaceitável para o governo. Para Miro, um acordo pressupõe a concordância de todos os agentes envolvidos, o que não aconteceu neste caso.
Miro definiu a divulgação do ofício enviado ao presidente da Anatel como uma reação ao fato de alguém ter tentado criar um fato consumado.
Disse ainda que Schymura não está envolvido nesta tentativa, uma vez que ele cumpriu o acordo de não divulgar os índices. O ministro disse também ter percebido o grande empenho da agência durante as negociações e que as conversas mantidas com Schymura eram muito animadoras. "Acho que a Anatel também deve estar frustrada", afirmou Miro.
Perguntado se as operadoras estariam sendo inflexíveis, o ministro respondeu: "A inflexibilidade das empresas explica o nosso esforço para acabar com a indexação".

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