Por enquanto, a Telefônica está satisfeita com a estratégia de banda larga baseada na expansão da rede de fibra até a residência e na cobertura LTE. Os segmentos estão entre os que mais proporcionam avanço na receita para a Vivo. Prova disso é que grande parte do Capex de R$ 2,1 bilhões no segundo trimestre está destinado ao aumento da cobertura dessas infraestruturas. Em troca, tanto no caso da 4G quanto na fibra até a residência, a operadora espera obter crescimento.
A companhia alcançou em junho 714 cidades com o LTE-Advanced (chamada comercialmente pela empresa de 4G+), especialmente com a "expansão massiva" da agregação de portadoras duplas e triplas com as frequências de 700 MHz, 1,8 GHz e 2,5 GHz. A empresa conta com essa tecnologia em 714 cidades brasileiras, sendo 596 adicionadas somente neste ano. Para lidar com essa expansão, garantiu um aumento de 38% na quantidade de backhaul em fibra para sites somente no segundo trimestre.
O vice-presidente executivo da Telefônica, Christian Gebara, lembra que a empresa é a única a contar com 60 MHz de capacidade na faixa de 2,5 GHz, sendo 20 + 20 MHz provenientes do leilão de 2012 e 10 + 10 MHz do edital de sobras em 2015. "Para o horizonte de 2020, temos bastante espectro", declarou ele durante a teleconferência de resultados nesta quarta, 25. O executivo lembra que deverá haver futuras licitações em breve, "e sempre estamos presentes nos leilões". Gebara não chegou a endereçar a possibilidade levantada por pergunta de analista sobre a compra da Nextel para a aquisição de mais frequências, contudo.
Com o refarming em 1.800 MHz e a liberação da faixa de 700 MHz em cada vez mais cidades, a operadora acredita ter "oportunidade clara de monetização" da 4G, uma vez que a tecnologia ainda responde por 51% da base atual, embora a tele já tenha cobertura de 86% da população – ou seja, quase metade dos clientes podem ainda migrar para o LTE.
O tráfego de dados não é discriminado pela Vivo, mas o executivo afirma que é "sempre maior", e com maior presença da 4G, naturalmente. "Estamos também usando [a faixa de] 700 MHz, que é muito mais eficiente, então temos cobertura com maior penetração indoor e estamos com uso muito melhor", declara.
Alem disso, Christian Gebara afirma que a tele tem sentido impacto positivo do ambiente macroeconômico, especialmente nos segmentos B2B e pré-pago. "As empresas têm investido mais, então tem impacto positivo para nós", diz. Ele acredita que o ambiente competitivo no setor está tornando o mercado mais racionalizado, mas afirma haver espaço. "Estamos controlando o churn e também o serviço fixo para sustentar nossa liderança no [segmento] móvel." A companhia tem observado aumento na migração do pré puro para o híbrido e pós-pago. "Nosso ARPU em relação ao segundo player é 30% maior, e, em relação ao terceiro, é 60%", afirma.
Foco na fibra
A companhia adicionou em 12 meses cerca de 700 mil homes passed em FTTH no País, totalizando em julho deste ano 9 milhões de residências. A companhia também adicionou dez novas cidades no período e pretende encerrar o ano com mais de 20 novos municípios cobertos. Atualmente, a fibra está presente em 224 cidades, sendo 98 com FTTH, enquanto o IPTV está em 92 municípios. Isso é benéfico não apenas pela banda larga, mas pela oferta de TV paga pela fibra – o IPTV atingiu penetração de 40% na base nas novas cidades. Gebara afirma ter "bons prospectos" de adições líquidas no trimestre no FTTH, com "32% de crescimento, para ser conservador, mas esperamos mais".
Em três casos no interior paulista, a Vivo ressalta resultados considerados "expressivos" na receita média por usuário (ARPU). Em Marília, a ARPU de banda larga aumentou 28% desde a chegada do FTTH em abril deste ano, atingindo um market share de 30%. Em Jaú, o avanço do ARPU desde o lançamento em maio foi de 30%, e o share de 33%. Também desde o quinto mês deste ano, a fibra da operadora fez a ARPU crescer 34% em Guaratinguetá, onde a empresa tem participação de 41% no mercado. "Quando somos novos players [na região], há clientes que querem oferta por mais velocidade. Por isso investimos em FTTH, porque a demanda é alta para os clientes que podem pagar mais", afirma Christian Gebara.