Em entrevista a este noticiário, Hélio Barroso, presidente da DTHi, voltou a dizer que não considera justas as críticas que sua operação vem recebendo de que teria sido "comprada" pela Telefônica. "Tenho minha empresa que presta um serviço de TV por assinatura, e a Telefônica é minha parceira". Segundo ele, o modelo de negócios do produto "Você TV", prestado conjuntamente com a tele, é feito de forma a garantir que a DTHi possa continuar existindo mesmo tendo ao lado uma gigante do setor de telecomunicações.
"Está previsto no nosso acordo condições em que eu possa sobreviver mesmo que a Telefônica consiga vender, do dia para a noite, um milhão de assinantes". Segundo descreve Barroso, a Telefônica é quem agrega o potencial de venda da operação da DTHi. "Eles é que entram com a central de vendas, com o banco de dados de clientes, que fazem o marketing e que prestam o atendimento", diz o executivo. Ele informa ainda que é a Telefônica que faz a instalação ("o pessoal deles está sendo treinado") e o uplink dos sinais, a partir do Peru. "Eu mantenho minha operação em São Paulo para os 3,5 mil clientes do produto Astralsat, que é a oferta pré-paga da DTHi". Segundo Barroso, ele manterá a opção pré-paga para quem já tem, mas não deve fazer novas vendas.
Na parte técnica, o satélite utilizado é o Amazonas. "Quando deixei de operar no Brasilsat B1, em março deste ano, ia para o PAS-9, mas então comecei a negociar com a Telefônica e hoje temos um satélite comum". Comum também é a tecnologia de codificação e acesso condicional, fornecida pela Nagra. Os equipamentos receptores são da Technotrend, mas também a Century e a Visiontec devem fornecer para a DTHi. Aliás, a DTHi tem planos de lançar um receptor com entrada para mais uma antena, de modo a permitir a recepção também dos canais da banda C. "Será uma forma de oferecermos os canais abertos que estiverem disponíveis nos satélites". Segundo Hélio Barroso, as estimativas de venda do produto em parceria com a Telefônica não são públicas. "Mas o potencial é muito grande, porque só no Estado de São Paulo são mais de 13 milhões de clientes e ainda vamos expandir para todo o Brasil".
Negociações conjuntas
Segundo Hélio Barroso, as negociações com os programadores foram feitas por ele e pela Telefônica, mas os contratos são da DTHi.
Questionado sobre o que acontecerá caso a Telefônica ganhe sua própria outorga de DTH e não precise mais da parceria com a sua empresa para oferecer TV digital, ele explica que existe um prazo de duração dos contratos, mas que essa hipótese não está colocada. "O que me preocupa agora é que eles vendam assinaturas".
Barroso confirma que nos planos da DTHi esteja a expansão para além do Estado de São Paulo. Ele diz ainda que existe a intenção de colocar os canais Globosat no lineup, mas desde que se siga a filosofia de preços e empacotamento atual. Pelo acordo com a Telefônica, ele não pode fazer nenhuma parceria com uma tele concorrente da empresa e a Telefônica não pode ter parceria com outra empresa de DTH.
ABTA
A DTHi, diz Hélio Barroso, não entende como uma associação de classe, como é a ABTA, pode se posicionar contra o interesse de um de seus associados. "Se existe alguma empresa que se sente prejudicada com o meu negócio, pode entrar na Justiça. Mas não é certo que se use uma associação, da qual eu sou membro, para me atacar. Aliás, a ABTA decidiu se manifestar junto à Anatel contra a minha parceria e me acusou de ter uma parceria de ficção sem me dar sequer a chance de me defender e de explicar o meu negócio para eles", diz Barroso. Ele espera que a ABTA marque uma reunião de diretoria em que pretende mostrar como funciona a operação com a Telefônica.