O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, negou que exista um conflito de gestão entre a matriz espanhola e o Brasil. O executivo sustenta que sempre teve total autonomia para conduzir a operação local e que, depois dos sucessivos problemas que a empresa passou, ainda gozou de mais liberdade para tomar as decisões necessárias para contornar a situação de forma mais ágil. "Quando estava em Brasília participando das audiências na Câmara recebi uma ligação de Madrid, dizendo assim: 'nós não sabemos a decisão que você vai tomar, mas qualquer que seja ela, nós apoiamos'", disse ele.
Valente ainda mencionou que a operação brasileira não só goza de total autonomia como também é uma empresa de excelência entre as outras operações do grupo. Ele listou uma série de executivos brasileiros que foram destacados para assumir cargos de chefia em outros países e soluções criadas no Brasil que foram exportadas, como o Posto Informático, solução de terceirização de equipamentos para empresas de todos os portes.
Com essas declarações, Valente, mais uma vez, assume toda a responsabilidade pelas quatro panes que a rede da Telefônica sofreu em pouco mais de um ano. "Se nós cometemos alguns erros, são erros nossos. Nossos controladores não estão na frente dos nossos roteadores", disse ele.
Sobre a multa de R$ 1,9 milhão aplicada pelo Cade pelo não cumprimento de determinação relacionado à oferta de provedores, Valente diz que a empresa entende que cumpriu todas as determinações e que vai estudar a decisão para avaliar como recorrer. "Entendo que exista a figura do pedido de reconsideração".
Telebrasil
O executivo foi ouvido durante a cerimônia de lançamento do 53º Painel Telebrasil, que, este ano, acontecerá dias 26 e 27 de agosto no Sofitel Jequitimar Guarujá. Nos anos anteriores o evento aconteceu na Costa do Sauípe na Bahia e contava com dois dias de debates. Valente explica que a mudança da dinâmica do evento – redução de um dia de debate e realização mais próxima da capital paulista – se deu em função da necessidade de focar o evento na discussão do tema que este ano é: "Projeto Nacional de banda larga – Investimento em Inovação, Produtividade e Competitividade com Inclusão Social".
Perguntado se a redução do evento e a realização mais próxima da capital teria a ver com redução de custos, Valente confirmou. "Tem a ver com custo também. Todas as empresas passaram por dificuldades", disse ele. Sobre o tema do evento, a Telebrasil pretende que a banda larga seja considerada uma prioridade nacional, ambição claramente inspirada no projeto norte-americano implantado pelo presidente Barack Obama. "Nos EUA, as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) estão ajudando a país a superar a crise".