Das 15 capitais que ficaram para depois no adiamento do prazo de limpeza da faixa de 3,5 GHz concedido pela Anatel, 13 eram nas regiões Norte e Nordeste. Segundo o presidente da Entidade Administradora da Faixa (EAF, Siga Antenado), Leandro Guerra, essas cidades teriam realmente maior dificuldade de logística do que as 12 capitais que já foram contempladas com o espectro liberado e o consequente lançamento do 5G.
O grande problema é mitigar a possível interferência da frequência nas estações profissionais de serviço fixo satelital (FSS) das radiodifusoras, que em alguns casos nessas regiões estariam oferecendo maior complexidade. "Existe no Nordeste e no Norte um desafio de logística maior, especialmente no Norte, com a situação de desocupação. Tem duas posições de espectro das estações FSS que estão nessa faixa. São estações de grande porte, e no caso do Norte, a dependência de satélite é maior, então o desafio é maior", justificou Guerra ao TELETIME.
"Temos algumas variáveis, mas a desocupação [das FSS] e a logística com a parte dos filtros são as maiores. É mais complicado porque é todo fabricado lá fora, e não tem pronta entrega", argumenta. Influenciou também nisso as mudanças de especificações nos equipamentos, que foram "revistas de forma adequada", mas acabaram impactando.
Assim, de acordo com Guerra, não se tratou de uma problema de número de estações profissionais, mas dessas questões de logística. Há alguns casos em que as FSS estão na região central da cidade, como em Manaus. "Precisa desocupar, se não, não tem 5G. Em Belém e Guaratiba está mais longe do centro, mas na região Norte há muito essa característica de dependência de comunicação satelital."
Nessa questão logística também estão os kits de migração da banda C para a banda Ku, substituindo equipamentos de TVRO (parabólica). Segundo o presidente da EAF, capitais como Boa Vista precisam de algo entre três ou quatro dias para transportar os aparelhos.
