A AT&T confirmou na noite deste sábado, dia 22, a compra da gigante de mídia Time Warner. O valor do negócio, metade em dinheiro e metade em ações da AT&T, é de aproximadamente US$ 85,4 bilhões, mas somando a dívida da Time Warner é uma operação de US$ 108,7 bilhões, o que a coloca entre as maiores operações de compra já realizadas no mundo, e uma das mais relevantes em termos estratégicos. A expectativa é que a operação seja concluída até o final de 2017, passando pela avaliação do Departamento de Justiça dos EUA e possivelmente da FCC.
A Time Warner é um gigante de mídia, controladora da HBO, dos estúdios Warner Bros. e da programadora Turner (que tem os canais CNN, TNT, Cartoon entre outros). Além disso, a Time Warner é acionista do segundo maior serviço de vídeo OTT nos EUA, o Hulu. Além do Hulu, a HBO também tem nos EUA o HBO Go, que é um serviço de distribuição OTT dos conteúdos HBO.
Já a AT&T é a maior operadora de telecomunicações dos EUA, uma das maiores operadoras de celular do mundo, é dona da DirecTV (que no Brasil é controladora da Sky) e, por tabela, é a maior operadora de TV por assinatura das américas. A DirecTV anunciou recentemente nos EUA o DirecTV Now, que será um serviço de distribuição da DirecTV por meio de Internet, sem a necessidade de uso da infraestrutura de satélites.
A operação tem como objetivo, segundo o press release oficial, é dar à rede de distribuição da AT&T o "melhor conteúdo premium do mundo", sobretudo para o ambiente móvel. "O futuro do vídeo é mobile e o futuro do mobile é o vídeo", diz, de maneira contundente, o comunicado. A estratégia é criar novas formas de distribuir os conteúdos da Time Warner, inovar em publicidade com a capacidade de endereçar o conteúdo, criar serviços patrocinados e fazer serviços OTT e de TV everywhere mais personalizados. "Esse é o casamento perfeito de duas companhias com forças complementares que podem trazer uma nova abordagem à forma como as indústrias de mídia e comunicação funcionam para os consumidores, criadores de conteúdos, distribuidores e anunciantes", disse Randall Stephenson, CEO e presidente do conselho da AT&T no comunicado oficial sobre a operação. "Com um grande conteúdo, pode-se construir serviços de vídeo realmente diferenciados, seja na forma de TV tradicional, OTT ou mobile. Nossa distribuição de TV, móvel ou banda larga e nossa relação direta com os consumidores assegura uma perspectiva única de onde podemos oferecer publicidade direcionada e melhor conteúdo customizado", disse.
Brasil
A nota oficial não menciona a situação do Brasil, onde a AT&T é controladora da Sky. Pela Lei 12.485/2011 (Lei do SeAC), que estabelece as regras para o mercado de TV por assinatura no país, uma empresa que atue no país no mercado de programação não pode ser controladora de uma empresa de telecomunicações e vice-versa. Ou seja, seria preciso que a AT&T optasse ou por vender a Sky ou que retirasse todos os conteúdos da Time Warner das operadoras de TV paga brasileiras (HBO, CNN, TNT, Esporte Interativo, Cartoon entre outros). Uma análise completa sobre a situação brasileira pode ser encontrada aqui.
Por outro lado, a nota oficial faz referência por duas ocasiões sobre o mercado da América Latina tanto na distribuição dos conteúdos Time Warner quanto sobre a presença da AT&T como operadora de TV paga em 11 países na região.
Análise
Com um período de aprovação de pelo menos 12 meses, a AT&T terá tempo para buscar compradores para a Sky. A Telefônica/Vivo é a principal candidata, uma vez que a Oi está em processo de recuperação e a TIM não tem uma rede de acesso fixo relevante como a Vivo.
Segundo apurou este noticiário, já houve conversas nesse sentido entre os norte-americanos e o grupo espanhol, mas a Telefônica, ao não conseguir vender a O2 no Reino Unido, teve dificuldades de se capitalizar para avançar com novas aquisições sem comprometer seu processo de redução do endividamento.
Outra alternativa que chegou a ser estudada, segundo apurou este noticiário, foi uma troca entre os ativos da Telefônica no México e Caribe pelas operações da DirecTV Latin America. Assim, a AT&T se concentraria no mercado mexicano (onde fez investimentos relevantes em operações móveis no ano passado) e a Telefônica expandiria sua base de clientes de TV paga no restante da América Latina, rivalizando com a América Móvil fora do México.
Outra alternativa é que a AT&T busque uma alteração da Lei do SeAC no Brasil para que possa manter a posição de programador e operadora de telecomunicações simultaneamente, até porque, a se manter a restrição, as operações de telecomunicações corporativas da AT&T no Brasil também teriam que ser negociadas.