Anúncio derruba papéis da BrT na bolsa

O anúncio do cumprimento de metas de universalização em 28 de fevereiro pela Brasil Telecom (BrT) nesta quarta, 22, não chegou a entusiasmar os analistas do mercado de ações. Ao contrário, a resposta foi uma queda expressiva dos papéis da holding (BRTP) superior a 7% no início da tarde, fechando, porém, a R$ 17,42 (-5,89%) no caso das ON e R$ 13,06 (- 4,25%) no das PN. As ações da operadora (BRTO) caíram menos porque já vinham de uma retração mais forte.
A questão é por que essa reação negativa se a BrT vai poder entrar este ano no negócio de telefonia celular e operar telefonia fixa fora de sua área de concessão.
De fato, ao cumprir as metas, cresce muito o potencial de negócios da empresa, que comprou licenças em novembro, nos três estados do Sul, no Distrito Federal, em Goiás, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Acre e Rondônia. Ao mesmo tempo, a empresa anunciou, em dezembro do ano passado, a formação de um futuro consórcio, o Brasil Celular, com a Telemig Celular e Amazônia Celular (ambas controladas pelos mesmos sócios da BrT). As perspectivas são boas, portanto.

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Nas contas dos analistas, contudo, inicia-se agora, para a BrT uma jornada de investimentos e de endividamento que reduz lucros e encurta o fluxo de caixa. No momento, a dívida (R$ 2,8 bilhões em setembro) representa alguma coisa como 45% do patrimônio, contra 95% da Telemar e 96% da Embratel. A tele terá que buscar dinheiro no mercado com bônus e/ou aumento de capital. Sua margem de EBITDA, por outro lado, que já é a menor entre as operadoras fixas, tende a cair.

O medo da concorrência

A estratégia inicial da BrT, ao adquirir as licenças no leilão de sobras das bandas D e E, era mais modesta, segundo entendem profissionais do mercado ouvidos por TELETIME News. Tudo indicava que a companhia não anteciparia metas para investir aos poucos, com o objetivo de esperar um recuo mais expressivo das taxas de câmbio e de juros, para iniciar as operações apenas em meados de 2004, com a economia em ascensão. Além disso, sua entrada na telefonia móvel era interpretada mais como a possibilidade de oferta de serviços complementares aos seus clientes do que propriamente uma ofensiva wireless.
Ocorre, porém, que fatos passaram a ocorrer no mercado mais rapidamente do que o esperado. Os controladores teriam avaliado que o risco de perda de espaço para os outros concorrentes era maior e que já havia boas indicações de redução pelo menos do dólar. Em lugar de uma entrada modesta, o anunciado consórcio com a Telemig Celular parece demonstrar maior agressividade.

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