O segmento de TV por assinatura tem enfrentado não só a retração do mercado no Brasil como a dificuldade de se reinventar diante de novos modelos de negócio. No grupo América Móvil, há mais de 10 anos líder no segmento, algumas coisas têm mudado. Desde a integração entre as empresas o segmento de DTH passou por mudanças e um grande reposicionamento. Na plataforma de cabo, o desafio foi chegar ao ambiente multitelas e brigar no universo não-linear. José Félix, CEO do grupo América Móvil, fala como o futuro do mercado de TV paga na visão do grupo.
TELETIME – O mercado de TV volta a crescer?
José Félix – Depois de uns ajustes, a gente volta a crescer. Em dois anos crescemos 560 mil assinantes em TV. Só perdemos um pouco nos últimos dois ou três meses, por conta desse ajuste no filtro de entrada, mas isso muda em julho e agosto. O que não estamos mais fazendo é a expansão física, em novas cidades. Desde o início da crise e da disparada do dólar a gente suspendeu, e não temos planos para já. Isso depende de o país voltar a crescer. O que estamos estudando é mudar a estratégia tecnológica para pontos específicos de algumas cidades, colocando até fibra na casa do cliente, aumentar a velocidade, entregar o conteúdo por IP. Vamos usar várias tecnologias, em função da dor do paciente. Mas a expansão física está muito focada nas cidades em que já estamos. Não é o momento para ir para novas cidades, até que a economia retome.
Mas isso não tira a oportunidade de crescer?
Até lá a gente conserta o produto DTH para atender esses mercados. O produto DTH está muito diferente, quase igual ao cabo. Só muda a cor, que é vermelha. Tem até o Now, que funciona por qualquer banda larga, não necessariamente na nossa. Aliás, possivelmente não será a nossa, porque o DTH a gente vende onde não tem cabo. O que a gente faz é integrar o Now por IP no set-top do DTH, e ele pode usar nas outras telas. A gente está insistindo muito nesse modelo multitela.
Um modelo de distribuição de vídeo por IP, na nuvem, como faz a Comcast, está no radar da Net?
Já passamos dessa fase de discussão, é uma coisa natural que vá por ai. Ainda temos algumas decisões para tomar, nada muito complexo, mas o caminho é esse.
Você esteve recentemente com o presidente da Netflix, o Reed Hasting. Alguma possibilidade de embarcar o aplicativo da Netflix na caixa da Net?
A América Móvil tem um acordo com eles em Porto Rico, porque não temos Clarovídeo lá. O resumo da conversa é que ele disse que um dia eu teria o Netflix na Net, e eu disse que era verdade. Vai ter, é só questão de tempo e das condições comerciais. Hoje elas são muito ruins. Vejo o Netflix como um canal não-linear, assim como o Now é um canal não-linear. O que não sei como vai ser é quando cada canal adotar o modelo da Netflix. Ai você vai ter que assinar um monte de canal não-linear, e nesse momento surge um agregador de novo. A gente vai estar aí. A América Móvil produz conteúdo próprio também, para o Clarovídeo, que é a maior plataforma de VoD da América Latina. É Internet, então pode.
A consolidação entre os gigantes de mídia e telecom contra os gigantes de Internet é uma tendência?
Do ponto de vista teórico, é um caminho. É preciso respeitar a visão de grupos que estão trabalhando nisso, com números gigantesco. No caso AT&T/Time Warner, alguém fez conta e viu alguma coisa que temos que entender o que é. O movimento está feito. Esses movimentos são muito mais oportunidades do que ameaças. O importante é que se tenha visões de longuíssimo prazo.
Você já viveu esse ambiente "convergido" entre mídia e telecom, quando a Net era controlada por Globo e América Móvil. Há benefícios nesse ambiente?
Tem sim. Mas no Brasil o marco legal foi muito bem estabelecido para evitar que isso voltasse a acontecer. Não creio que será para sempre, porque não é natural. Assim como não acho natural ter cotas de conteúdo. Essa divisão não é natural. Também não é natural impor um modelo de neutralidade, um modelo de franquia. A máxima da Lei Geral de Telecomunicações, em que liberdade é a regra, deveria ser algo de fato respeitado. Sempre que se mete a mão no mercado, você muda o curso, e tem muita gente metendo a mão. Por que a gente nunca viu no Brasil um grande operador de TV ou telecomunicações dos EUA? Uma Comcast, uma Time Warner, a Verizon? Fizeram falta. E provavelmente não vieram porque aqui se coloca muito a mão no mercado. Esse poder de intervenção pode ser grande para o lado errado.
A Net vai enterrar os cabos na cidade de São Paulo, como quer a prefeitura?
Depende sempre da oportunidade. Vai fazer um embelezamento de uma rua, ou fazer um novo viaduto, ou um projeto específico, a gente vai e enterra. Mas aquela ideia maluca de querer enterrar tudo é primária, é coisa de quem não tem ideia do custo de enterrar o cabeamento. Enterrar cabo é bonito e necessário, mas se formos olhar os problemas do país, acho que tem lugares mais urgentes para colocar o dinheiro.
(Leia o restante desta entrevista na parte 1, parte 2 e parte 3)
Só que tem um pequeno problema aí: nem na NET temos o NOW também.
Calma que explico: nem todas operações da NET possuem o NOW 'físico' (aqui na região bragantina – Atibaia/SP e Bragança Paulista/SP é um exemplo), e todas as vezes que os questiono, a resposta sempre é 'estamos estudando: fique ligado em nossa fanpage para maiores novidades'. Eu estou ouvindo essa previsão há quase 2 anos, e nada!
Então Félix: se quer adequar a Claro, não se esqueça da NET
Boa entrevista, parabéns ao jornalista.
Félix sempre muito claro e lúcido nas suas colocações sobre o mercado de telecom.
Parabéns e sucesso a frente do Grupo América Movil.
Aí vc vem ler a entrevista e se depara com um monte de baba-ovo dando parabéns com medo de ser demitido… gostaria que ele explicasse essa estratégia "inteligentíssima" de mandar um monte de funcionários embora e recontratá-los indiretamente por meio de empresas terceirizadas ganhando o dobro, o triplo que ganhavam na Embratel por exemplo…. parabéns a esse modelo de gestão super inteligente e principalmente aos carrascos(gerentes) ineficazes que são os responsáveis por mandar esses head count pro olho da rua.