Operadoras traçam diferentes estratégias para impulsionar FWA

Foto: Marcos Mesquita

As operadoras de telecom vêm adotando diferentes estratégias para impulsionar o serviço de banda larga fixa sem fio (FWA, na sigla em inglês) no escopo dos planos de negócios.  São modelos que variam desde o suporte para emergências e manutenção da conexão de backup em serviços considerados prioritários até o modelo baseado em redes virtuais.

Na Claro, a FWA já é ofertada desde o 4G. Mas, com os ganhos oferecidos com a agregação do 5G, a tecnologia passou a ser usada para reforçar a oferta de banda larga com um serviço que atua como backup de soluções residenciais e corporativas tradicionais, explica Fábio Nahoum, diretor de produtos e proposta de valor da Claro. Nesta quinta-feira, 20, ele participou do evento TELETIME Tec, realizado em São Paulo.

"Para quem tem uma entrega fixa, ter a opção de complementar a tecnologia móvel, em caso de algum problema, é fundamental", explica Nahoum. Hoje, a demanda maior para o FWA 5G na Claro vem do B2B. O executivo ressalta, porém, que desde a pandemia, existe um impulso maior do B2C, por conta home office. "Ele (o FWA) é mais premium e tem a característica de gerar mais segurança para o cliente."

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Com o aumento da demanda, a empresa fez uma atualização recente, inserindo o Wi-Fi 6 no serviço. Como é natural o aumento de dados com a chegada do 5G, as franquias de dados passaram de 120 GB para entre 200 GB a 400 GB.

No modelo de negócios, a tele leva em conta que as cidades onde oferta FWA já contam com fibra óptica, seja da própria empresa ou dos pequenos provedores (ISPs). "Então, há uma dificuldade de fazer uma oferta 100% com FWA", diz o diretor de produtos. 

Outro ponto importante é a atenção com a ocupação da infraestrutura. De acordo com Nahoum, um cliente de FWA consome até 40 vezes mais do que um usuário da rede móvel. "Quando a gente vai numa visão de compartilhar uma infraestrutura de móvel para a venda de FWA, estamos falando de, para cada um cliente que eu opto em vender FWA, eu deixo de vender 40 clientes móveis", diz. 

Brisanet: encher o caminhão

Na cearense Brisanet, a provedora já superou a cobertura 5G em mais de 100 cidades, das quais em 70 possui fibra. Nas cidades com fibra, o plano de negócios do FWA se divide entre o apoio aos pequenos negócios e em prédios onde existe a dificuldade de instalar o cabeamento para a banda larga tradicional.

Por outro lado, a empresa divulgou, durante a sua call de resultados do 1º trimestre com bancos, um plano para avançar em serviços 5G e banda larga sem fio. Em municípios em que não dispõe de fibra, o pontapé inicial será dado com a FWA, diz o CEO José Roberto Nogueira. "Vamos explorar um pouco desse mercado onde já não temos o acesso físico da fibra", diz. Segundo ele, uma vez ativada, a rede 5G precisa ser ocupada. " Mas é importante que a gente ocupe a rede com planejamento agora, porque podemos ter problema no futuro. Enquanto a rede 5G está vazia, podemos trazer o FWA para a base, mas ela vai encher e vamos precisar abrir eespaço para o usuário móvel" , diz.

Atualmente, o usuário da Brisanet  tem um consumo médio de dados por mês na casa de 420 GB, na banda larga fixa, o que é puxado pelo público de baixa renda. Por isso, a empresa adota certa cautela. Nas cidades em que a opção da tele é operar FWA e a rede móvel, é preciso ter um plano para evitar congestionar a capacidade na rede no futuro.

"O cliente FWA consome igual o usuário de fibra, cerca de 3 Gbps. Eu tenho que planejar considerando que a franquia de 400 GB daqui a três anos passará a ser de 1 terabyte", explica o CEO da Brisanet. "Se essa torre tem uma capacidade de colocar 1 mil FWA, daqui a três anos haverá um gargalo."

Assim, o lançamento do 5G foi definido em dois estágios: em um primeiro momento, a Brisanet vai habilitar a frequência de 2.3 GHz. Quando esta faixa atingir 70% a 80% da capacidade, a ideia é habilitar a frequência de 3.5 GHz. O CEO aposta que a demanda para ter a banda larga sem fio como apoio à tradicional vai impulsionar o mercado nos próximos anos.

"Todo espectro que for ativado vai ser consumido. Então, o consumo da mobilidade vai ser muito grande", diz ele. "Complementar a fibra no futuro com certeza será indispensável", finaliza. 

Netylink

Na fabricante brasileira de equipamentos Elsys, o trabalho com FWA, iniciado há cerca de 8 anos, começou com um dispositivo para levar a conexão a áreas mais distantes, o Amplimax, que servia para usuários captarem os sinais das redes móveis em ambientes distantes das ERBs e com sinal deficiente. A partir do entendimento da demanda nos rincões do país, a ideia foi criar um produto que incluisse não apenas o equipamento de recepção, mas também o serviço completo para quem não dispunha de conectividade.

Nasceu a Netylink, a primeira operadora de internet banda larga no Brasil a trabalhar apenas com a modalidade FWA, em cima da rede das operadoras existentes no modelo de MVNO. O atendimento começou de forma exclusiva aos municípios de São Paulo, mas a empresa já iniciou testes para expandir o modelo para outras regiões do país, conforme mostrou TELETIME. A Netylink tem licenças SCM (Serviço de Comunicação Multimídia) para usar as redes de Claro, TIM e Vivo.

Damian Zisman, CEO da Elsys/Netylink, explica que os pedidos dos usuários visam o uso diário de empresas, maior flexibilidade e também a demanda por eventos. Hoje, ele afirma que a utilização prioritária é para a proteção de serviços que não podem ser interrompidos.

"A redundância seja talvez um dos maiores problemas para ser endereçado. Em empresas menores, se há uma queda da conectividade, cai tudo", diz. Além disso, a solução também atende os consumidores nas cidades do interior.

Na Netylink, como o foco é na redundância da rede, o consumo médio para FWA fica abaixo do 50 GB, mas isso varia conforme o usuário. "A redundância é eventual, não é o tempo todo. Com o foco de um cliente mais rural, o perfil do consumo acaba sendo diferente", diz. 

 

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