A Alemanha vai remover, de forma gradual, componentes fabricados pelas chinesas Huawei e ZTE da rede 5G do país nos próximos cinco anos. O Ministério do Interior alemão (o BMI) fechou acordo com as operadoras Deutsche Telekom, Vodafone e Telefonica Deutschland para o objetivo – que, de acordo com o governo, tem a ver com a proteção da segurança nacional.
Após uma rodada de negociações, as três operadoras concordaram em remover os componentes da Huawei e ZTE das redes principais 5G (aquelas conectadas à Internet operadas como centros de controle) até o final de 2026. Além disso, o acordo assinado também prevê a retirada de peças (como antenas, linhas de transmissão e torres 5G) das redes de acesso e transporte até 2029.
As duas empresas chinesas alvos do governo alemão fazem parte do grupo das cinco maiores fornecedoras globais de infraestrutura de telecomunicações. De acordo com a MTN Consulting, a participação de mercado global no último trimestre de 2023 foi de 18,3% para a Huawei e 5,3% para a ZTE.
Justificativa
A ministra do BMI, Nancy Faeser, justificou que a medida tem a ver com preocupações relacionadas à segurança nacional alemã. De acordo com ela, a nova política também visa evitar a dependência econômica de Pequim.
"Estamos protegendo os sistemas nervosos centrais da Alemanha como um local de negócios e estamos protegendo a comunicação de cidadãos, empresas e o estado. Devemos reduzir os riscos de segurança e, diferentemente do passado, evitar dependências unilaterais. Devemos nos tornar mais independentes e mais à prova de crises", disse a ministra em coletiva nessa quinta, 11.
Reação chinesa
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, se pronunciou acerca da decisão da maior economia europeia de banir componentes da Huawei e ZTE. Jian rebateu as acusações de que essas companhias representem alguma ameaça à segurança nacional dos países europeus, afirmando não haver indícios para alegações como essas.
Hope Germany will respect facts, make decisions independently that serve its interests and conform with international rules, and provide a fair, transparent, open and non-discriminatory market environment for companies from all countries, including China. pic.twitter.com/g774Z17FYr
— Spokesperson?????? (@MFA_China) July 11, 2024
"A Huawei e outras empresas chinesas de telecomunicações estão na Europa há muitos anos. Forneceram infraestruturas de alta qualidade e criaram empregos e receitas fiscais significativas para a Europa", disse o porta-voz.
Lin Jian também pediu que o governo alemão tome decisões "de forma independente que sirvam os seus interesses e estejam em conformidade com as regras internacionais, e proporcione um ambiente de mercado justo, transparente, aberto e não discriminatório para empresas de todos os países, incluindo a China".
Estão certíssimos. Todas as grandes empresas chinesas são braços econômicos, industriais e tecnológicos do governo comunista de Pequim, as quais podem muito bem se prestar a instrumentos de limitação, sabotagem e espionagem num eventual conflito diplomático ou militar.