MPF cobra mais eficiência da Anatel

O procurador da República Paulo José da Rocha Júnior, representante do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, cobrou nesta sexta-feira, 20, que a Anatel atue com mais agilidade na solução das controvérsias que envolvem o setor de telecomunicações. Para Rocha Júnior, a argumentação usada pela agência de que a falta do quinto conselheiro tem prejudicado as deliberações não é convincente. "Se fosse um problema de quórum, tudo bem. Mas havendo quórum, a agência tem como decidir", afirmou.
O representante do MPF não descartou a possibilidade de lançar mão de medidas mais enérgicas para fazer com que a Anatel decida sobre itens que há um bom tempo estão pendentes de análise. "A gente pode exigir do regulador eficiência. Agora, se ele é reiteradamente ineficiente, é possível tomar uma atitude mais concreta." Ele não se aprofundou sobre qual seria essa atitude "mais concreta", mas, na teoria, o MPF tem como acusar um órgão público de crime de responsabilidade se ficar comprovada negligência da entidade.
Ponto extra e backhaul

Notícias relacionadas
Um dos assuntos acompanhado de perto pelo MPF é a controvérsia sobre a validade ou não da cobrança do ponto extra pela TVs por assinatura. Rocha Júnior confirmou ter solicitado à Justiça a imposição de um prazo para que a Anatel decida sobre o tema, já que há meses a agência não conclui se o serviço pode ou não ser cobrado dos consumidores. "O problema é que há uma decisão (da Justiça), mas o juiz não colocou prazo. E não dá mais para confiar na Anatel", alfinetou o procurador, usando como argumento a visível morosidade da autarquia em pacificar a questão.
A Justiça ainda não se posicionou sobre o pedido de imposição de um prazo. A sugestão do procurador é que a Anatel tenha 30 dias para concluir a análise do processo. Outro ponto onde o MPF quer mais agilidade é a definição do regulamento do backhaul, que deveria ter sido editado pela Anatel até agosto de 2008, de acordo com o decreto presidencial que definiu a instalação dessa infraestrutura como uma meta de universalização.
O texto com a proposta de regulamento foi aprovado nesta semana pelo Conselho Diretor da Anatel, mas seu conteúdo ainda não foi divulgado. O material deve entrar em consulta pública nos próximos dias e ficará disponível para a apresentação de contribuições da sociedade por apenas 20 dias.
BrOi
Outro caso que o MPF está interessado é a compra da Brasil Telecom pela Oi. Rocha Júnior contou que já existe uma ação na Justiça, apresentada pelo MPF, questionando a concessão da anuência prévia para a operação sem que a Anatel tivesse editado com antecedência um Plano Geral de Metas de Competição (PGMC). "A ação já está proposta com relação ao PGMC. Não que isso seja a salvação da lavoura, mas já é alguma coisa", analisa o procurador.
Esta ação é fruto da revisão do pedido de liminar suspendendo a concessão da anuência apresentado pelo MPF no ano passado, mas que não chegou a ser analisado pela Justiça a tempo de impedir a realização da reunião do Conselho Diretor que aprovou o negócio entre Oi e BrT. Além do PGMC, o MPF tem trabalhado em outras frentes envolvendo a fusão.
Durante a avaliação da anuência pela Anatel, o MPF encaminhou a agência duas listas de recomendações: uma abrangendo pontos comerciais, como a ausência do PGMC; e a outra focando na estrutura do negócio em si, como o uso do Credit Suisse como comissário da Oi. Segundo Rocha Júnior, o material respondendo às ponderações feitas pelo MPF terminou de ser enviado pela Anatel no início deste ano e ainda está sendo analisado.
Assim, é possível que o MPF tome novas iniciativas no futuro, contestando outros aspectos da concessão da anuência à fusão. O próprio procurador admite que as recomendações sinalizam que o ministério público constatou indícios de irregularidade no processo conduzido pela Anatel. Mas ponderou que o MPF, como instituição, ainda não tem um posicionamento explícito sobre o assunto, o que só deve ocorrer após a análise completa da documentação encaminhada pela agência.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!