A tecnologia WiMAX foi aprovada como padrão de comunicação global para a terceira geração de telecomunicação móvel, informou a União Internacional de Telecomunicações, nesta sexta, 19, durante a Conferência Internacional de Radiocomunicação, em Genebra. Com a decisão, as empresas que obtiverem licenças para serviços móveis poderão escolher entre oferecer serviços de WiMAX para seus clientes, em lugar de tecnologias como UMTS e EDGE. O acordo foi firmado na noite de quinta-feira, depois que os negociadores derrubaram as barreiras de países contrários à inclusão de WiMAX no IMT-2000 para tecnologias móveis avançadas. É o caso da China, que gostaria de impor seu próprio padrão móvel para uso global.
?A tecnologia WiMAX tem atualmente potencial para atingir 2,7 bilhões de pessoas. E o anúncio de hoje expande esta possibilidade para uma população global significativamente maior?, afirmou o presidente do WiMAX Forum, Ron Resnick. Outra decisão importante que pode sair da mesma conferência é a atribuição da faixa de 3,5 GHz para serviços móveis, posição da qual o Brasil é favorável.
Impactos a serem avaliados
No Brasil, muitos executivos preferiram não comentar a decisão oficialmente, pois ainda a desconheciam. Defensores da tecnologia GSM mostraram-se céticos sobre o avanço do WiMAX, apesar da decisão da UIT, que consideraram teórica e longe da realidade comercial. Questionam por que as operadoras implantariam uma rede completamente diferente da que elas têm. Admitem que o investimento na infra-estrutura física não seria tão grande em relação aos padrões de terceria geração CDMA2000 e WCDMA. O problema seria com os terminais, não compatíveis com as redes que evoluíram até agora. Caberá à indústria avaliar quando a economia de escala compensará o investimento em terminais que contenham chip compatível com CDMA2000, WCDMA e WiMAX.
?Se o custo do terminal for três vezes mais caro (que as tecnologias concorrentes), o operador terá que ver se vale a pena investir ou não. Para o WiMAX, este reconhecimento como terceira geração é importante, mas não é o bastante. Falta o reconhecimento do mercado. É um desafio?, opinou o diretor regional para a América Latina do CDMA Development Group, Celedonio von Wuthenau. Para ele, não há risco de que o WiMAX arrebanhe mercado do CDMA2000, WCDMA, pois a tecnologia ainda tem que provar que é competitiva e que o negócio é viável. ?Tem que mostrar se compete ou se é complemento de rede?, desafiou Wuthenau.
Olho na Sprint
Todos também esperam para ver se dará certo o empreendimento da Sprint Nextel, terceira maior operadora celular dos Estados Unidos, que está investindo US$ 2,5 bilhões na implantação de uma rede banda larga WiMAX na faixa de 2,5 GHz, naquele país. Executivo de uma grande fabricante de infra-estrutura no Brasil questiona: ?Que operadora no Brasil está disposta a investir em 2,5 GHz para colocar WiMAX??. Para ele, a vitória com a decisão da UIT é da Intel, que teria percebido que seu trabalho para colocar equipamentos em 2,5 GHz seria de alcance limitado. Assim, teria trabalhado para conseguir levar o padrão para 3G. Vale lembrar que a Telefônica, por exemplo, ao comprar a TVA, levou as licenças de MMDS na faixa de 2,5 GHz, mas ainda não disse se pretende apostar no WiMAX.
E como explicou o WiMAX Forum, ?a decisão para aprovar a versão do WiMAX Forum IEEE Standard 802.16 como tecnologia IMT-2000, cria oportunidades para instalação global, especialmente dentro da banda 2,5-2,69 GHz.?
Há quem aposte ainda que os padrões CDMA2000 e WCDMA fiquem mais dedicados ao atendimento ao usuário pessoal, enquanto WiMAX ficaria destinado principalmente a pequenas e médias empresas, dependendo da infra-estrutura do mercado.
Saiba mais detalhes do que acontece no mundo em relação à tecnologia WiMAX, na revista TELETIME que circula em outubro e traz a cobertura do WiMAX World, evento realizado em Chicago, no final de setembro.