Telecom Italia renova diretoria e escolhe novo chairman

O conselho de administração da Telecom Italia, que no Brasil controla a TIM, aprovou em uma longa reunião na quarta, 16, a indicação de Giuseppe Recchi como novo chairman da companhia e a renovação dos 13 membros do seu board de diretores. Recchi foi o nome indicado pela Telco, maior acionista da Telecom Italia (com 22,4% do controle) e que conseguiu eleger outros três diretores, nenhum deles da Telefónica, como esperado. Em dezembro, quando César Alierta e Julio Linares López, CEO e vice-presidente do conselho da Telefónica, respectivamente, renunciaram ao conselho de administração da Telecom Italia, a holding espanhola já havia anunciado que não indicaria novos nomes ao conselho para de satisfazer parte das  exigências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) brasileiro de não ter ingerência nas decisões que afetem a Telecom Italia e, por consequência, a TIM Brasil.

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Os dez diretores restantes foram classificados como independentes, e representam fundos de investimentos e instutuicoes financeiras. Nenhum deles, entretanto, foi indicado pelo acionista minoritário Marco Fossati, dono da Findim. Fossati vinha há tempos fazendo campanha para renovação do board, afastando a influência da Telco sobre a holding italiana, mas não conseguiu emplacar nenhum nome que indicou.

Reflexo

As mudanças na Telecom Italia são, na realidade, um reflexo da pressão que a Telefónica tem sofrido pelo órgão de defesa da concorrência brasileira. A determinação do Cade que proibiu a Telefónica de aumentar qualquer participação na Telco, e por consequência, na Telecom Italia e sua controlada brasileira; e mais que isso, de que se desfaça da participação direta ou indireta que já tem na holding italiana sob pena de perder o controle da Vivo por aqui, fez desmoronar o frágil acordo que a Telefónica tinha com seus sócios italianos na Telco. Amargando prejuízos, as italianas Assicurazioni Generali, Intesa Sanpaolo e Mediobanca queriam se desfazer dos investimentos na Telecom Italia e só permaneceram na Telco porque a Telefónica comprou boa parte das ações preferenciais e havia se comprometido a adquirir o restante no início desse ano, alcançando 70% do capital total da Telco.

Com o sinal vermelho do Cade, esse plano que injetava dinheiro e acalmava as sócias italianas foi por água abaixo. A Assicurazioni Generali já indicou que pedirá a dissolução da Telco em junho, a primeira janela do acordo com a Telefónica em que isso seria possível. Até lá, a própria Telefónica deverá definir seu caminho para atender ao Cade e sair da Telecom Italia (ou, menos provável, arrumar outro sócio para dividir o controle da Vivo).

Uma eventual saída da Telefónica abriria caminho para o empresário egípcio Naguib Sawiris, dono da Orascom, que está disposto a investir até US$ 2 bilhões na Telecom Italia. Sua entrada, contudo, ainda enfrentaria resistência de alguns acionistas. Outro caminho que começa a se desenhar para a Telecom Italia é que ela se torne uma companhia pública, com ações pulverizadas no mercado. O próprio CEO Marco Patuano, em conversa com a imprensa italiana no final da reunião que elegeu a nova diretoria, disse que o resultado da votação (com dez diretores independentes) "mostra que a Telecom Italia está se tornando uma companhia pública e o mercado expressou a sua visão".

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