A ex-presidente da Brasil Telecom, Carla Cico, confirmou na CPI dos Correios uma série de fatos que mostram que o Opportunity, quando administrador da companhia, mantinha com a empresa uma relação confusa de interesses. Ela confirmou que a agência de viagem contratada pela Brasil Telecom tinha relação com Mônica Dantas, irmã do empresário Daniel Dantas. ?Não sei se ela era consultora, diretora ou acionista da agência?, disse Carla Cico. Ela disse não se lembrar do valor do contrato. Ela também confirmou que o marido de Mônica Dantas era funcionário da Brasil Telecom, ?gerente?, segundo Carla Cico.
Carla Cico também confirmou que sabia que a Alcatel era cotista do Opportunity Fund, fundo que está na cadeia de controle da BrT. ?Mas a Alcatel é uma das empresas fornecedoras tradicionais do mercado, não tem nada a ver uma coisa com outra?, disse.
Outro ponto levantado foi em relação ao Consórcio Voa, que administra a frota de aviões utilizada pela Brasil Telecom. Carla Cico disse que não tem a menor idéia de quem são os demais sócios do consórcio, que ela nunca se preocupou com esses aviões e que a Brasil Telecom tem apenas 15% do consórcio.?Quando ia usar, ligava para a minha secretária e ela marcava o uso do avião?. O consórcio, apesar de ter a maior parte de seu capital na mão da Brasil Telecom e da Telemig Celular, é administrado pelo Opportunity.
Os parlamentares também perguntaram se os advogados contratados pela Brasil Telecom seriam usados para atender a interesses do grupo Opportunity. Ela disse que não, mas que não sabia se ?o Opportunity também tinha contrato com os mesmos advogados?. Especificamente, Carla Cico foi perguntada sobre os escritórios de Francisco Müssnich e Arnold Wald.
Outro ponto de possível conflito de interesse foi a contratação do filósofo e professor Roberto Mangabeira Unger. Segundo Carla Cico, ele foi contratado por recomendação dos advogados porque se pensava em processar a Telecom Italia no exterior, ?e ele tem conhecimento jurídico para isso?. Ela disse não saber se Mangabeira também prestava serviços do interesse do grupo Opportunity.
Entrevista
Em entrevista à revista TELETIME deste mês de novembro, o atual presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, diz que hoje a empresa não recebe mais instruções de acionistas para fechar contratos com fornecedores e que os casos suspeitos estão sob auditoria.
