Telefónica se prepara para sair da Telecom Italia

A Telefónica já está se preparando para se desfazer de sua participação na Telecom Italia (TI): o grupo espanhol anunciou nesta quarta, 16, a emissão obrigatória de títulos conversíveis em ações ordinárias da companhia italiana, o que resultaria no desinvestimento de parte dos 14,77% de capital votante que passaria a possuir diretamente na TI com a dissolução da holding Telco. O valor estimado dessa emissão é de 750 milhões de euros, mas o valor final será decidido com a conclusão do processo de bookbuilding, que está sendo coordenado pelo HSBC, JP Morgan Securities e a Société Générale (Joint Bookrunners). Os bonds terão valor nominal de 100 mil euros cada e irão maturar no dia 24 de julho de 2017. Hoje, o valor da Telecom Italia em bolsa é de cerca de 16,5 bilhões de euros, o que faz com que a parcela das ações controladas pela Telefónica (14,8% das ações ordinárias, ou 11% das ações totais) seja equivalente a cerca de 1,8 bilhão de euros. Ou seja, as debêntures devem equivaler a cerca de 40% das ações, ou 4,5% do capital total da tele italiana.

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Os títulos podem ser revertidos em dinheiro no caso de não acontecer a dissolução da Telco, holding que detém controle da operadora italiana (com 22,4%) e na qual a Telefónica é a maior acionista (46,2%). A dissolução é o que faria a espanhola ficar com os 14,77% de capital votante de forma direta na Telecom Italia. A opção de reverter os bonds em cash é particularmente importante no caso de o grupo espanhol se ver obrigado por órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ou por qualquer outra razão, de se desfazer das ações da Telecom Italia antes do prazo estimado para resgate, em três anos. Isso porque, sem o sinal verde do órgão antitruste brasileiro, a Telco não poderá ser dissolvida e, consequentemente, a Telefónica não teria ações diretas na TI para converter os bonds.

Com este movimento que já sinaliza o desinvestimento do grupo espanhol na Telecom Italia, é provável que o Cade aprove a dissolução da Telco. Resta saber se o órgão não exigirá que a Telefónica se desfaça de parte dos 14,77% que passará a deter na italiana antes desse prazo de três anos que planeja.

A Telefônica precisará convencer o Cade que, mesmo vinculando essa participação na Telecom Italia aos bonds que serão convertidos apenas em 2017, ela não terá nenhuma ingerência sobre a TIM no Brasil, contornando assim a imposição de eliminação da participação cruzada (controlando a Vivo e, indiretamente, a TIM), determinada pelo órgão de defesa da concorrência no final do ano passado.

Observadores familiarizados com a situação entendem que este movimento da Telefonica, aliado a outros já feitos (como o desligamento de conselheiros da Telefônica na Telco, a ausência no board da Telecom Italia e a renúncia à debêntures conversíveis em ações da Telco) são todos movimentos que vão ao encontro daquilo que o órgão antitruste brasileiro determinou.

Preço

Segundo o comunicado referente à operação de 750 milhões d eeuros, o preço de referência definido pelos Joint Bookrunners será definido ainda nesta quarta ou na quinta-feira, 17, quando as empresas vão estabelecer e fixar a taxa de juros final e os preços máximo e mínimo da emissão. O prêmio máximo estimado deverá ser de 20% a 25% acima do preço de referência.

Os títulos serão acrescidos de uma taxa anual fixa de juros nominais que irá variar de 5,25% a 6%, além de juros adicionais referentes aos dividendos e distribuições pagas em relação às ações subjacentes da Telecom Italia. Caso ocorra tudo em linha com o acordo de subscrição, o fechamento das condições dos títulos será no dia 24 de julho.

A Telefónica pretende usar o capital obtido com a emissão dos títulos para "necessidades corporativas gerais". A listagem de títulos será aplicada na bolsa de Frankfurt também.

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