Analistas especulam sobre a estratégia do Opportunity

Por que a Brasil Telecom, que inicia agora sua estratégica operação móvel, resolveu desistir de uma licença na região de São Paulo? É preciso observar, antes de tudo, que analistas ouvidos por TELETIME News consideraram a decisão acertada. Entendem que haveria muito risco em entrar em um mercado já muito concorrido, onde atuam três potências da telefonia celular. Relatório assinado por Jeffrey Noble, do BBVA, por exemplo, assinala que os investimentos adicionais em São Paulo poderiam causar tensão significativa nos resultados da empresa.
O que intrigou os profissionais especializados no mercado de telecomunicações é que a empresa, em conversas pessoais, estava dando a impressão de estar muito empenhada na compra da licença paulista da banda E. Por que voltou atrás? ?Minha sensação é que o Opportunity pode estar procurando se desvencilhar de seu portfólio de telecomunicações nos próximos meses?, escreve Jeffrey Noble. Ele acredita que a decisão de não entrar no mercado de São Paulo indicaria sua pouca ambição em relação à indústria de telecom. Isso valeria também, é claro, para suas controladas do segmento de telefonia móvel, Telemig Celular e Tele Norte Celular (Amazônia). ?Nós acreditamos que o Opportunity reconhece que celular é um jogo de escala e que ativos como Telemig e Tele Norte vão precisar se ligar aos grandes players para sobreviver?.
Aliás, a própria oferta da Claro pela licença em Minas Gerais complica um pouco mais a vida da Telemig, que já vem sofrendo na suas área a concorrência da Oi e da TIM. As ações da Telemig Celular, nesse sentido, são as únicas que sofrem negativamente com as conseqüências do leilão do dia 21. Não é por outra razão que volta a ganhar força entre os analistas a possibilidade de que o Opportunity feche negócio com a Vivo. Note que mesmo a América Móvil (Claro) não desistiu completamente das duas operadoras controladas pelo fundo de Daniel Dantas.

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Também há quem especule que o Opportunity preferiu não entrar em São Paulo por conta da confusão societária referente à volta da Telecom Italia ao controle da tele. Participar da licitação significaria ter que dizer para a agência que a Telecom Italia está fora do controle, mesmo sabendo que a própria Anatel autorizou o retorno dos italianos.

Outros sinais

Outros analistas apontam dois outros sinais no mesmo sentido da hipótese de saída do Opportunity do setor:

1) Aumento da participação no capital da BrT ? A renovação do novo programa de recompra de ações a preço de mercado aprovado pelo conselho de administração da Brasil Telecom. Como se sabe, pela renovação, a operadora (BRTO) poderá adquirir até 10% das PN em circulação; e a holding (BRTP), 10% do free float das ON ou PN. ?Se a companhia está empenhada em concentrar esforços e recursos para ampliar operação móvel, por que gastar bala agora para aumentar sua participação no capital??, pergunta analista-chefe de uma das corretora mais atuantes em telecomunicações. O fato é que o programa ajuda a valorizar a companhia. Relatório do Banco Safra, ao comentar o fato relevante, reforça a recomendação de compra tanto da holding quanto da operadora. A holding (PN) está no portfólio da Fator Corretora com upside de quase 70%.

2) Incerteza sobre a manutenção dos investimentos do Citibank ? O administrador de uma das maiores empresas de asset management do Brasil diz ser preciso levar em conta a possibilidade de não-renovação do contrato de gestão entre o Citi e o Opportunity em 2005 para o fundo CVC Opportunity Equity Partners LP, um dos maiores investidores das empresas controladas pelo Opportunity. ?Mesmo sendo uma boa aplicação para os americanos, acredito que eles não vieram para se instalar pelo resto da vida no arriscado mercado de telecomunicações, justamente agora que surgem pela frente oportunidades com as PPPs?, especula.

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