Para CEO da SKY, desafio da TV paga está na pirataria

Gustavo Fonseca, presidente da SKY

Para o presidente da SKY, Gustavo Fonseca, o grande desafio do mercado de TV por assinatura no Brasil pode sim ser apontado como a pirataria. "Desde que assumi o cargo (em maio) eu tenho andado pelo Brasil, conversado com os nossos revendedores, com as equipes de instalação, e é incontestável que dois fatores, que estão ligados, impactaram no mercado de TV paga: a ampliação da conectividade, e a pirataria de conteúdos, em suas diferentes formas", diz o executivo.

Para ele, existe uma tendência de consumo do conteúdo por meio das redes banda larga, inclusive de canais lineares. "A conectividade, as TVs conectadas, tornaram esse processo muito fácil", diz ele, antecipando um pouco de sua participação no próximo dia 22 de agosto, em São Paulo, como um dos entrevistados especiais do PAYTV Forum, principal encontro do mercado de TV paga. "A ampliação do mercado de conectividade, com a presença de pequenos e médios ISPs, sem dúvida contribuiu muito com o acesso das pessoas a outras opções, e com isso veio a pirataria".

Ele aponta que muitas vezes modelos que sequer são vistos como piratas estão prejudicando ou criando concorrência desleal com o mercado. "Por exemplo, quando um pequeno ISP inclui a seus clientes um aplicativo com conteúdos de TV aberta, dizendo que está apenas distribuindo um conteúdo local, ele está criando uma concorrência assimétrica, porque nós, operadores de TV, precisamos pagar para as emissoras de TV para distribuir esse sinal".  Para Gustavo Fonseca, a TV aberta sempre foi um diferencial importante inclusive para a TV por assinatura, "tanto que a gente sempre teve grande quantidade das afiliadas da Globo no nosso line-up, por exemplo, mas pagando por isso".

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O desafio da pirataria, diz Gustavo Fonseca, passa também para pelo problema dos marketplaces e mídias sociais que seguem promovendo acesso a equipamentos piratas. "Essa propaganda e comercialização acontece, muitas vezes, sem nenhuma restrição".

Ele acredita que a estratégia da Anatel de promover bloqueios de endereços IP tende a ser efetiva, porque cria a sensação de que o serviço pirata não é confiável. Também cria problema para os provedores de banda larga, sobretudo para os pequenos que enfrentam uma concorrência acirrada, e que para se justificarem junto ao assinante descontente  precisarão amplificar a informação de que os endereços estão sendo bloqueados pela Anatel, contribuindo para o dano de imagem da solução pirata. "Os efeitos, contudo, serão sentidos no médio e longo prazo, mas não pode interromper a estratégia".

Novo modelo é o OTT

Gustavo Fonseca acredita que a indústria de TV paga tenha encontrado o seu modelo. O futuro, diz ele, será inevitavelmente a oferta dos conteúdos lineares e não-lineares em plataformas OTT, como a SKY faz com a DGO e a Claro faz com o Claro TV+. "Mas eu acho que ainda leva um tempo para que os ganhos de um lado compensem as perdas no outro", diz ele. No caso da SKY, a operadora diz ter um churn bastante controlado e não tem estimulado a migração para o modelo OTT. "A gente percebeu que quando estimula, muitas vezes o churn aumenta, porque o assinante perde uma coisa que estava acostumado e vai para um modelo novo, e nem todo assinante está propenso para esta mudança", diz ele.

Para ele, o caminho de curto prazo para a indústria de TV paga estancar as perdas no modelo tradicional até que o modelo OTT seja predominante é oferecer alternativas e flexibilidade de pacotes. "A gente acredita muito no modelo pré-pago como caminho para dar alternativa ao consumidor e trazer novos clientes para a base", diz.

Fonseca não acredita que o mercado de programação consiga contribuir muito nesse momento simplesmente abaixando os custos dos canais. "É claro que o custo de programação é elevado, mas a gente entende que eles têm um custo muito alto do lado deles com artistas, direitos, produção e é difícil que essa indústria (de produção de canais) se mantenha com qualidade se a pressão de preços for muito alta". Para ele, a indústria como um todo precisa olhar alternativas, como rever empacotamentos, compartilhamento de informações, inteligência de dados e outras estratégias que agreguem valo à programação sem sacrificar a sustentabilidade financeira. "Somos parceiros e os custos do ecossistema precisam ser divididos entre todos, e as assimetrias no modelo de Internet precisam ser vistas nessa perspectiva".

Ele chama a atenção para a necessidade de uma modernização urgente na legislação do Serviço de Acesso Condicionado (nome técnico da TV por assinatura). "Quanto mais obrigação se coloca, mais difícil fica para o mercado crescer e maior vai ser a pirataria e a ilegalidade, e no limite todos perdem", diz ele.

A SKY também tem começado a explorar o mercado de banda larga por fibra por meio de parcerias com a FiBrasil e com American Tower, e está em processo de negociação com as outras operadoras de redes neutras. "Temos uma base pequena ainda, de 10 mil assinantes, mas acreditamos no modelo e a nossa rede de distribuição e instalação ajuda muito, por isso faz sentido". Segundo Gustavo Fonseca, o modelo de redes neutras ainda está se consolidando no Brasil mas é o único que justifica novos investimentos em novas redes.

PAYTV Forum

A SKY participa no próximo dia 22 e 23 de agosto, no WTC Events Center, em São Paulo, do PAYTV Forum 2023. O evento, organizado pelas publicações TELETIME e TELA VIVA, trata ainda a presença do presidente da Claro, José Félix, dos principais executivos do mercado de TV paga de empresas como SKY, Vero, Claro, Globo, Watch Brasil, WBD, Paramount, Newco Band, Curta!, Box Brasil, Roku, SBT, Stenna, SES e ainda executivos da Amazon Prime Video, Youtube, Kantar Ibope, Parrot Analytics e a presença do presidente da Ancine, Alex Braga, e do conselheiro da Anatel, Moisés Moreira. Mais informações pelo site www.paytvforum.com.br

2 COMENTÁRIOS

  1. De nada vai adiantar essas teorias se a SKY não reduzir os preços, lanças pacotes segmentados e oferecer conteúdo diferenciado!

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