ISPs pedem mais flexibilidade em negociações com programadoras

A Neo TV, associação de TV paga que congrega pequenos operadores,  reuniu nesta quinta, 12, em evento em São Paulo, provedores de serviço de internet (ISPs) que estão iniciando suas operações de TV por assinatura para apresentar seus projetos. Segundo os provedores, a burocracia encontrada na liberação das licenças de Seac e na negociação de conteúdo com as programadoras representa o maior obstáculo para a estruturação do novo serviço.

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A obrigatoriedade de carregar canais pouco populares em pacotes oferecidos pelas programadoras aumenta o valor do investimento necessário para iniciar a operação de TV por assinatura, refletindo no custo final do produto e dificultando a expansão do mesmo.

A Globosat, principal programadora do país, é apontada pelos pequenos operadores como a mais inflexível nas negociações, e seus canais estão fora do line-up de pequenas empresas como Sumicity, G2 Netsul, Conecta e Brisanet, que estão iniciando suas operações de TV por assinatura. Dessa forma, além de não contar com canais como Multishow e Viva, essas operadoras abrem mão dos jogos do Campeonato Brasileiro.

“Em relação ao futebol, na região que atuamos temos hoje dois times: Internacional e Grêmio. E seus jogos passam na TV aberta, então estamos tranquilos. Além disso, complementamos o conteúdo de esporte com Band Sports, Fox Sports e outros canais. Temos um bom conteúdo esportivo”, disse Alexandre Silva, da Netsul, ao justificar a opção da operadora de lançar seu produto sem os canais PFC. O serviço de TV por assinatura da G2 foi lançado em 1º de dezembro nas cidades gaúchas de Flores da Cunha, Gramado e Canela.

Segundo Eduardo Taddei, da Conecta, que lançará seu serviço de TV paga na primeira quinzena de março nas cidades de Cabo Frio, Rio Das Ostras e Casimiro de Abreu, a empresa realizou uma pesquisa de mercado na qual identificou que os clientes não consideravam os canais Globosat como essenciais. “Apenas cerca de 30% identificavam esses canais como indispensáveis. Já o PFC é um produto que atrai apenas clientes de altíssimo poder aquisitivo, pois é muito caro. Então pode ser que percamos alguns clientes nesse nível, mas concluímos que não compensaria”, disse.

No caso da Sumicity, a decisão de não carregar os canais da Globosat foi tomada devido a exigência de oferecer os canais em HD apenas em pacotes avançados. “Como minha infraestrutura é nova, eu posso levar todo conteúdo em HD, inclusive nos pacotes mais simples. Não fazer isso eliminaria uma vantagem competitiva minha”, explicou o diretor geral da empresa, Vicente Sérgio da Silva Gomes. A Sumicity lançará seu serviço de TV paga em janeiro nas cidades de Além Paraíba, em Minas Gerais e Carmo, Sumidouro, Guapimirim e parte de Teresópolis, no Rio de Janeiro.

Já a Life, provedora que começará a oferecer o serviço de TV por assinatura em janeiro nas cidades de Pompéia, Garça e Ocauçu, e Marília, optou por privilegiar os canais Globosat. “Estamos concorrendo com grandes operadoras na região. Se não entregarmos esse conteúdo nos canais PFC, eles entregam, e a demanda por futebol onde atuamos é muito grande”, explicou Luis Eduardo Dias, diretor comercial da empresa.

Contudo, a operadora optou por não contar com os canais da HBO no seu line-up por causa das regras de carregamento de canais impostas.  Dias também criticou o modelo atual de comercialização dos canais. “O que vemos é um modelo ainda mais atrasado, com um modelo ainda mais empacotado. E isso em um tempo em que a internet começa a invadir o espaço da televisão, nos faz perceber que existe algo errado nesse roteiro”.

Outro lado

Em outro painel realizado durante o evento, a gerente de comercialização de conteúdo da G2C Globosat Ana Paula Carvasan defendeu o modelo de negócios adotado pelo setor. “Me preocupo vendo algumas das novas empresas tentando acertar mas errando. Tentando reinventar a roda num mercado que já tem um modelo de negócios consolidado, e que a experiência mostra que costuma ser bem sucedido”, disse.

Em seguida, a executiva ainda respondeu uma crítica vinda de um participante na plateia, que disse “haver vida sem Globosat”. “Me desculpe mas eu vou discordar. Não existe vida sem Globosat. A experiência mostra que as operadoras que tentam ir ao mercado sem nosso conteúdo dificilmente têm sucesso. A Globosat está onde está pela qualidade dos seus canais”, concluiu.

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