Crescimento do 3G não impede queda nas receitas da Nextel no Brasil

Mesmo com o crescimento da base 3G no Brasil, a Nextel não conseguiu ter um trimestre positivo. O balanço financeiro da operadora referente aos três primeiros meses do ano e divulgado nesta segunda-feira, 12, mostra que a companhia registrou perdas de US$ 29,1 milhões no País, contra ganhos de US$ 157,6 milhões no mesmo período de 2013. A controladora Nii Holdings afirma que isso aconteceu por conta da queda de US$ 16 na receita média por usuário (ARPU) e com as perdas com a taxa de câmbio do Dólar em comparação com o Real.

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A Nextel registrou receita operacional de US$ 461,2 milhões, recuo de 27,47% que teria sido atenuado para uma queda de 14% não fosse a desvalorização do Real no período. Mas o recuo em si aconteceu mesmo pela queda de 30,94% nas receitas de serviços, que somaram US$ 425,8 milhões. As receitas de handsets e acessórios quase dobraram, representando US$ 35,4 milhões.

Segundo o vice-presidente e CFO da Nii, Juan Figuereo, o problema principal é que usuários estão procurando planos mais baratos, deixando o ARPU brasileiro em US$ 31, contra US$ 47 no ano passado. "Os usuários iDEN vêm mudando para planos mais baratos, mas acreditamos que o aumento do 3G vai melhorar o ARPU", disse ele em teleconferência com analistas.

Figuereo afirma que a Nextel deverá introduzir novos planos para aumentar as margens de receita, crescer a base 3G e reter os clientes da base, além de melhorar a logística de canais para oferecer handsets. "Vamos lançar novos planos, investir em canais de distribuição, mídia e dispositivos. O 3G agora é 80% de nosso volume (de investimentos), e essa tração está continuando, o projeto está acelerando", diz. Ele ressalta ainda que todo o crescimento de 259,5 mil acessos WCDMA no trimestre foi em planos pós-pagos. Isso compensou a perda de 88,3 mil linhas iDEN no período, sendo que houve 47,7 mil migrações do rádio para o 3G.

A base da empresa em março era de 4,129 milhões de acessos no Brasil, um crescimento de 6,3% em relação ao mesmo período de 2013. Desse total, 3,484 milhões eram do iDEN, queda de 8,47%. Já a base 3G pulou de 77,9 mil acessos no ano passado para 645,1 mil em 2014, crescimento de mais de nove vezes. O churn dos usuários iDEN foi de 2,53%, enquanto o de WCDMA foi de 1,47%. Ao todo, o churn da operadora no País foi de 2,39%, 0,05 ponto percentual acima do registrado em 2013.

Opções estratégicas para a Nii

O resultado da controladora Nii não foi melhor, já que as operações da Nextel México têm tido problemas desde que a empresa desligou a rede iDEN naquele país – a companhia acredita que isso manchou a marca e gerou desconfiança no consumidor. Com todas as operações somadas, a empresa registrou queda de 37,17% nas receitas operacionais, totalizando US$ 913,9 milhões. O prejuízo operacional triplicou e agora soma US$ 239,1 milhões. Já o prejuízo líquido aumentou 81,2% e totalizou US$ 376,1 milhões. O prejuízo operacional antes de depreciação e amortização ajustado (OIBDA) foi de US$ 84 milhões. O grupo norte-americano agora tem uma dívida líquida de US$ 4,150 que, somada a gastos com investimentos de US$ 1,7 bilhão em caixa, totaliza US$ 5,9 bilhões de dívida.

A base total de usuários da empresa é de 9,437 milhões. Somente de linhas iDEN, foram 7,101 milhões de acessos em março, enquanto o 3G estava com 2,336 milhões. Houve 241 mil migrações de uma tecnologia para a outra. O churn total foi de 3,42%, sendo que 3,74% no iDEN e 2,24% no WCDMA. O ARPU caiu US$ 10 no período e fechou o trimestre em US$ 29.

"Continuamos a avaliar opções estratégicas para endereçar nossos desafios de liquidez, mas ainda não tomamos decisão alguma", declara o CEO da Nii, Steve Shindler. Ele se refere à possibilidade de venda das operações no Chile e na Argentina, mas não detalha nenhuma ação. A companhia contratou analistas para aconselhar nas decisões e está em discussões "preliminares" com bancos no Brasil e no México para buscar ajuda: no próximo dia 13 de junho haverá uma avaliação financeira da companhia. "Baseado no que viram de nossos planos de negócios, os bancos querem trabalhar, querem ver como vamos endereçar nossos problemas de liquidez, porque endereçar apenas um mercado não resolve nossos problemas", diz o CFO Juan Figuereo.

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