O grupo Telecom Américas e a TIM Brasil aprovaram o resultado dos testes de compartilhamento de rede GSM, concluído no mês passado, com a Ericsson e Siemens, em Curitiba, PR. As duas operadoras estudam agora os últimos detalhes para um possível acordo para uso comum de suas redes.
Os testes envolveram equipamentos de core (comutação e sinalização) e de transmissão da Ericsson, além de transmissores da Siemens. A empresa sueca incumbiu-se também de coordenar a avaliação.
A Telecom Américas e a TIM cogitam realizar uma troca de capacidade de grande envergadura, abrangendo estados inteiros. Calcula-se que o compartilhamento representaria uma economia entre 25% e 40%, dependendo dos custos de adaptação necessários. Caso o compartilhamento se concretize, será a primeira vez no mundo que mais de uma operadora de telefonia móvel dividirá os mesmos equipamentos de rede.
Brasil Telecom e Oi também podem aderir
A Oi também estuda a possibilidade de firmar acordos de compartilhamento de rede. "Fui o primeiro a sugerir isso, há um ano. Entendo que o principal ativo de uma operadora não é a sua rede, mas sim o seu cliente", afirma o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco. Ele admite já ter conversado sobre o tema com outras companhias do setor, mas não fechou nenhum contrato ainda. "O mais provável é que realizemos trocas envolvendo cidades do interior. Acredito que até o final do ano teremos assinado algum acordo de compartilhamento", disse o executivo.
É sabido que a Brasil Telecom também avalia seriamente a idéia de compartilhar sua futura rede móvel com os concorrentes, e que segundo informações do mercado já estaria realizando gestões neste sentido com a TIM.
Críticas
Fornecedores de equipamentos não vêem com bons olhos a idéia de compartilhamento de redes. O diretor de uma das principais fornecedores de equipamentos GSM do mercado nacional destaca que a medida diminui o nível de competição entre as operadoras e, portanto, afeta os consumidores. "É sempre aconselhável ponderar se a redução de custos alcançada pelo compartilhamento compensa a diminuição do grau de liberdade para competir", comenta.
Também foram levantados possíveis obstáculos regulatórios: seria preciso assegurar que cada operadora atuará devidamente dentro de sua faixa de freqüência e garantir alguma forma de verificação separada dos índices de qualidade do SMP. "As adaptações necessárias podem encarecer o compartilhamento", alerta outro executivo de uma companhia que fornece equipamentos de rede. Questionada sobre as críticas dos fornecedores, contudo, fonte ligada a uma das operadoras envolvidas na negociação garante que tais problemas são de fácil solução.