Oi alega ter investido R$ 30 milhões na modernização de seu sistema de inventário

À primeira vista, as concessionárias ainda não se mobilizaram para cumprir a exigência feita pela Anatel na última segunda-feira, 10, de apresentação de um inventário completo dos bens sob sua responsabilidade para, assim, ter um controle seguro do patrimônio reversível à União. Ao menos este parece ser o caso da Oi. O presidente da concessionária, Luiz Eduardo Falco, disse nesta quarta-feira, 12, que pretende procurar os técnicos da agência reguladora para "entender a posição deles" sobre o assunto. Disse ainda não ter compreendido os motivos que levaram a agência à editar o ato contra a empresa.
A equipe técnica da Anatel exige que a Oi e a Brasil Telecom (adquirida pelo grupo Telemar em 2008) apresentem um inventário completo de seus bens no prazo de seis meses. A pena para o descumprimento do ato pode chegar à extinção da concessão. O motivo da ação da agência, segundo informações prestadas pela assessoria, foi a constatação de inconsistências nas declarações de bens das concessionárias, especialmente com relação à descrição e localização da propriedade, impedindo que a produção de uma lista confiável de bens reversíveis. No ato referente à Brasil Telecom, a agência chega a citar que a concessionária teria declarado que só completará 60% do inventário de seu patrimônio em 2013.
Falco não soube explicar a declaração citada pela Anatel, que, segundo fontes, teria partido da Oi já que é ela a controladora atual da Brasil Telecom. O executivo alegou em defesa das empresas que o grupo Oi investiu R$ 30 milhões nos últimos quatro anos para modernizar o sistema de inventário usado pela companhia e que essa atualização do modelo de apuração pode ter sido o motivo da declaração encaminhada à Anatel com relação aos bens da Brasil Telecom. "Os controles de ativos das companhias estão tendo uma avaliação muito forte, como nunca houve no Brasil", afirmou Falco.

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Em tese
Apesar de se defender, argumentando com os altos investimentos no controle do patrimônio, Falco não garantiu que a empresa tenha cumprido as exigências feitas anualmente pela Anatel com relação aos bens reversíveis. Ao ser questionado se os parâmetros da agência eram seguidos pela concessionária, o executivo respondeu: "Não sei. Em tese, dentro do que a tecnologia permitia até hoje, a gente vem evoluindo".
A exigência da Anatel não atinge apenas a Oi. A Embratel também foi alvo de um ato com as mesmas determinações. Em ambos os casos, as empresas estão proibidas de alienar qualquer bem até apresentarem o inventário exigido pelo órgão regulador. A CTBC foi a única a ter a sua Relação de Bens Reversíveis (RBR) aprovada até o momento. A fiscalização feita na Sercomtel ainda está sendo processada pela agência. E a Telefônica conseguiu fechar um acordo com a Anatel para apresentar, sem punição, um novo inventário substituindo os dados considerados inconsistentes na fiscalização.
Revisão dos atos
Um dia após publicar os atos no Diário Oficial da União, a Anatel republicou os documentos alterando a redação inicial em um ponto de grande impacto para as empresas. Na primeira versão (de segunda-feira, dia 10), a agência incluía claramente entre as consequências do descumprimento das exigência a realização de denúncia criminal ao Ministério Público Federal. A segunda versão (do dia 11) exclui essa ação dos documentos, optando por uma previsão de punição mais ampla. O texto referente ao MPF foi substituído pela expressão "adoção das demais providências legais e regulamentares cabíveis".
Por meio de sua assessoria, a Anatel argumentou que o novo texto na verdade amplia a possibilidade de punição das empresas em relação à primeira redação publicada. Mas, em princípio, a nova redação pode acabar limitando as punições às listadas na Lei Geral de Telecomunicações (LGT) e regulamentos da própria Anatel, onde não há a previsão expressa de denúncia criminal ao MPF, a não ser que a agência interprete que houve má fé dos executivos das concessionárias na declaração do patrimônio.

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