6G em 2030 desperta debate sobre papel do Brasil na padronização

A implementação das redes 5G no Brasil ainda está no início, mas a avaliação de qual papel o País poderá exercer na definição de padrões para o 6G já está mobilizando Anatel, governo e academia.

A próxima geração de redes móveis foi tema de workshop promovido nesta sexta-feira, 11, pelo Inatel. A previsão é que a padronização para o 6G seja finalizada apenas em 2030, mas a partir de definições que devem começar a ser tomadas na Conferência Mundial de Comunicação (WRC) do ano que vem, seguindo trabalho já em andamento em grupo de trabalho 6G na UIT.

Para o gerente de espectro, órbita e radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares, o Brasil deve se engajar nas discussões se quiser contribuir nas definições sobre equipamentos e faixas de espectro. A expectativa é que uma "nova fronteira" de radiofrequências seja explorada para habilitar o 6G, em faixas que podem ir do 100 GHz ao 3 THz.

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As maiores larguras de banda poderiam permitir taxas teóricas na casa do 1 Tbps, em contraste com os 20 Gbps prometidos no 5G. Além de evoluir a rede de quinta geração, também se espera que o 6G consolide usos como a holografia e abra caminho para aplicações tácteis, emulando sentidos humanos como o toque.

Ainda é prevista uma maior integração de hardware com software, do uso da inteligência artificial e da virtualização de redes, bem como a possibilidade de comunicação entre chips e novos formatos de wearables que poderiam até mesmo dispensar o uso de smartphones. Diferente do 5G, que tem um forte apelo corporativo, o 6G traria um retorno do foco ao consumidor final.

Estímulo

Globalmente, a corrida pela tecnologia já começou, com previsão de incentivos locais para a indústria no Reino Unido e na Índia e estratégias em curso na União Europeia, China, Japão e nos Estados Unidos.

"O 6G vai ter várias frentes e o Brasil pode trabalhar em um desses caminhos, como a agricultura", afirmou Agostinho Linhares, durante o workshop desta sexta-feira. A experiência da academia brasileira em estudos sobre modelos de propagação e convivência foram citadas como elementos importantes no esforço.

Um ecossistema nacional para o tema já está em formação a partir do Projeto 6G Brasil, que foi iniciado no ano passado com liderança do Inatel, da Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP) e apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Dividido em várias frentes de pesquisa, o projeto e conta com a participação das universidades federais do Pará, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina, além da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do CPQD e de colaboração com a Universidade de Oulu (Finlândia), que coordena o 6G Flagship.

"Nós temos engenharia, qualidade técnica, profissionais e academia para contribuir globalmente", afirmou o diretor do departamento de ciência, tecnologia e inovação digital do MCTI, José Gontijo, durante o evento do Inatel. "Mas essa troca vai acontecer em dez anos, em um processo evolutivo".

Até a chegada do 6G, a expectativa é que o 5G seja continuamente aperfeiçoado. Além do Release 17 da 3GPP, que está para ser concluído, o Release 18 deve habilitar o chamado 5G Advanced. Enquanto isso, o 4G deve seguir como principal tecnologia em números de acesso até pelo menos a metade da década.

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