Nélio Machado, advogado de Daniel Dantas, reclamou que não teve acesso aos autos do processo e que por este motivo seu cliente não foi ouvido nesta quinta-feira, 10, pela Polícia Federal conforme estava previsto.
Machado informou que solicitou ao delegado Protógenes Queiroz o adiamento do depoimento que seria "inócuo". "Daniel não foi ouvido porque vou amanhã (11) à 6 Vara Criminal de São Paulo tomar conhecimento dos vários volumes que integram o caso concreto", disse ele. "Os autos do processo representam para o advogado o que para um médico representa um exame laboratorial", completou.
Fatos do passado
O advogado reivindicou "acesso pleno" aos autos, o que para ele inclui as investigações feitas desde 2004. "Também desejo saber o que se apurou a respeito da investigação italiana, sobre a causa que tramitou em Nova York, as informações que deixam sobre suspeita no mínimo algumas personalidades da própria Poícia Federal brasileira e não me refiro a este delegado (Protógenes Queiroz). Refiro-me a fatos do passado de 2004 que não foram absolutamente apurados até hoje".
Machado procurou desqualificar o depoimento de Hugo Chicaroni, que motivou a PF a pedir novamente a prisão de Daniel Dantas. "Esse instituto da delação premiada que acaba sendo objeto de reconhecimento de liberdades imediatas, eu tenho muitas dúvidas sobre a valoração desse tipo de prova. Eu não acredito que esse seja o método correto de investigar". Nélio Machado ainda afirmou que também Daniel Dantas não conhece Hugo Chicaroni.
"Eu jamais ouvi falar em tal nome. Espero que no bojo da documentação que eu examine amanhã eu vou aquilatar não só o conteúdo das declarações como também a verossimilhança, a credibilidade. O depoimento em si tem que ser submetido a critérios para que se possa aferir até que ponto houve ou não o interesse em dizer a verdade. E já me causa surpresa que um depoimento seja alvo de uma composição. Ou seja, afirma-se isso, e ganha-se aquilo", disse o advogado.
Nélio Machado disse que ainda não escolheu o caminho que vai trilhar para tentar tirar seu cliente da cadeia de novo. Ele está estudando pedir uma reconsideração ao juiz Fausto de Santics (responsável pelas duas prisões de Dantas)e poderá entrar com um novo habeas corpus no TRF, no STJ ou no STF.
Humberto Braz
Nélio Machado disse que conhece Humberto Braz e que se o ex-diretor da Brasil Telecom, acusado de participar da suposta tentativa de suborno, o procurar para defendê-lo, Machado aceitará.
