Randolfe, líder do governo, quer prorrogar cotas de programação da TV paga por mais 20 anos

Randolfe Rodrigues, líder do governo no Senado (Crédito: Agência Senado)

Projeto de Lei 3.696/2023, que trata da renovação das cotas de tela no cinema e de conteúdo audiovisual no Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) apresentado no início do mês, quer prorrogar o efeito de ambas as reservas para conteúdo nacional por 20 anos. A minuta do PL do senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), líder do governo no Congresso, determina (caso seja aprovado) que tais mecanismo passem a vigorar até 31 de dezembro de 2043.

No caso das cotas do SeAC, que rege o mercado de TV paga e impõe cotas de conteúdo nacional para programadoras e operadoras, o PL apenas prorroga os Artigos 16 a 23 da Lei 12.485/2011, sem qualquer outra alteração em suas redações, ainda que haja por parte do mercado de TV paga uma demanda por uma reforma na legislação, aliviando a carga de obrigações e tornando o serviço, que perde base desde 2014, mais competitivo com as plataformas de streaming. As regras atuais, portanto, continuariam vigentes sem mudanças por 20 anos, incluindo mínimo de conteúdo brasileiro nos canais e mínimo de canais brasileiros nos line-ups das prestadoras do serviço. As cotas do SeAC, vale lembrar, estão vigentes até setembro deste ano.

Ao justificar a medida, a minuta aponta que a cota de tela de programação na TV paga adotada em 2011 fortaleceu a política para o setor do audiovisual, mas que, ainda assim, as produções brasileiras enfrentam um cenário de afirmação para conquistar espaço. Caso não ocorra uma prorrogação, aponta o PL, "as obras brasileiras correm o risco de serem descontinuadas, criando um forte impacto negativo na indústria e na cultura brasileira".

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Sustentabilidade

Quando foram criadas, as cotas de TV por assinatura tinham duração prevista de 12 anos, até que o mercado audiovisual encontrasse viabilidade econômica. Para tanto, vieram acompanhadas de recursos da Condecine-Teles, que trazem quase R$ 1 bilhão ao ano para o Fundo Setorial do Audiovisual. Esses recursos são cobrados das operadoras de telecomunicações. Desde então, segundo dados da própria Ancine, a quantidade de programação nacional na TV por assinatura superou em muito o mínimo exigido pelas cotas.

A proposta do líder do governo também não cita os estudos que já foram elaborados pelo Ministério das Comunicações sobre as necessidades de ajustes na Lei do SeAC, nem os debates sobre o estabelecimento de regras que contemplem o mercado de Internet.

Ainda na justificativa, o PL pede urgência para votação dos instrumentos normativos, uma vez que a Cota de Tela cinematográfica está vencida desde 2021 e se apresenta a eminência de vencimento do dispositivo da cota de conteúdo da TV por assinatura.

No caso da cota de tela para cinema, o projeto não traz nenhuma novidade em relação ao modelo existente e simplesmente prevê o estabelecimento de um percentual das cotas por decreto. Estudos realizados pela Ancine, contudo, já apontaram para a necessidade de modernização do mecanismo, e propunham mecanismos dinâmicos de estabelecimento das cotas, considerando os sistemas de exibição digital, a divisão das salas em múltiplas sessões e o porte dos grupos exibidores.

Evento

O próximo PAYTV Forum, principal encontro do mercado de TV por assinatura, que acontece dia 22 e 23 de agosto, em São Paulo, trará uma mesa dedicada ao debate da nova conformação legal e regulatória decorrente da expiração do período de cotas de programação na Lei do SeAC. Participam do debate a Ancine, representada pelo seu presidnete Alex Braga; o diretor de programação e conteúdo da Claro, Fernando Magalhães; o diretor de assuntos institucionais da Globo, Marcelo Bechara; e o presidnete da Bravi, que representa os produtores independentes, Mauro Garcia. Mais informações sobre o evento pelo site www.paytvforum.com.br

(Colaborou Samuel Possebon)

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