Brisanet sugere cobertura em rodovias em troca de cinco anos no 700 MHz

Foto: Associação Neo

Uma das interessadas na faixa de 700 MHz para estruturação de rede de telefonia móvel, a Brisanet estaria disposta a assumir parte dos compromissos de cobertura em rodovias como contrapartida a um prazo mais longo – de cinco anos – para uso secundário do espectro.

A sugestão foi realizada pelo CEO da empresa, José Roberto Nogueira, durante o segundo dia de evento da Associação Neo, realizado em Brasília nesta quinta-feira, 9. O 700 MHz foi aberto pela Anatel para uso secundário desde a desistência da Winity de operar a faixa. Com isso, compromissos em rodovias que seriam atendidos pela operadora também ficaram em suspenso.

"Minha sugestão é que o 700 MHz possa ser entregue por cinco anos (em caráter secundário), e nós fazemos parte dos compromissos de rodovias que tanto se precisa", propôs Nogueira. "Mas não todos, porque seria impossível ter viabilidade". Os antigos compromissos da Winity incluíam 4G em 35 mil km de rodovias sem cobertura atualmente.

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O desejo da Brisanet de uso secundário do 700 MHz por cinco anos ocorre porque a operadora vê insegurança em construir rede na faixa e depois, quando o futuro definitivo do espectro for selado, ter que deixar a radiofrequência. Os prazos de secundário que a Anatel tem considerado são de três anos.

"Se no próximo leilão a Brisanet não ganhar, teríamos que fazer um redesenho da rede. Vamos usar o 700 MHz se tiver condições claras e uso mínimo de cinco anos. Sem isso, é impossível fazer a operação com payback". Dessa forma, a empresa defendeu a realização de nova licitação o mais rápido possível, além de prioridade para empresas que já estiverem na faixa.

A preocupação da insegurança também foi trazida pelo diretor de assuntos regulatórios da Ligga, Vitor Menezes. "Operar no 700 MHz é caro e existe insegurança porque não sabemos o que vai acontecer com o espectro depois", afirmou. Por isso, a empresa é uma das empresas que pede prazo mais longo para ativação de serviços na faixa.

Representante da Anatel presente no debate, o superintendente de outorga e recursos à prestação da agência, Vinicius Caram, confirmou que um novo leilão é mesmo o caminho mais provável para o futuro do 700 MHz. Em um cenário hipotético, ele afirmou que poderia ser colocada em edital obrigação da nova dona da faixa só assumir o espectro após a liberação pelas usuárias em caráter secundário.

Em paralelo, outra solução seria passar a faixa para as segunda e terceira colocadas no leilão de 2021 então vencido pela Winity (no caso, Highline e Datora). Ainda que não formalmente descartada, Caram confirmou que diálogos com as empresas reduziram a probabilidade da alternativa ocorrer.

6 GHz

Outro espectro olhado de perto pelo mercado é o 6 GHz, atualmente destinado para uso não licenciado como Wi-Fi, mas que pode ter parte da sua capacidade revertida para as redes móveis.

No debate da Associação Neo, Vinicius Caram defendeu que esse desfecho pode ser o mais apropriado. O superintendente da Anatel afirmou que as próximas gerações de redes móveis – 6G e mesmo o 5,5G – precisarão de portadoras de 200 MHz, algo que só seria possível no 6 GHz, dadas as opções disponíveis.

"O Brasil não pode perder esse timing", afirmou ele, indicando que estudos de modelos de convivência e até mesmo de compartilhamento dinâmico de espectro serão realizados, a fim de permitir que o Wi-Fi também funcione na faixa.

Mas o superintendente também destacou que até agora, equipamentos de Wi-Fi 6E que operam no espectro de 6 GHz sequer teriam sido implementados pelas empresas nos lares dos consumidores.

A Brisanet se colocou recentemente ao lado das empresas que querem o 6 GHz para redes móveis. Para José Roberto Nogueira, a faixa é a "fronteira final" para uso das operadoras de telefonia, ao passo que outras opções podem se mostrar viáveis para o Wi-Fi dentro de casa – como o 10 GHz e o 26 GHz, sugeriu. "Já no mundo móvel há gargalo e o 6 GHz deve ser preservado".

Pela Ligga, Vitor Menezes preferiu não tomar uma posição definitiva. Na condição de empresa de redes fixas que também está estruturando rede móvel, a operadora paranaense entende que "o que vier, para a gente é gol".

(O jornalista viajou para Brasília convidado pela Associação Neo)

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