Em discurso para a ETNO, associação de operadoras de telefonia móveis da Europa, em Bruxelas nesta terça, 8, a vice-presidente da Comissão Europeia, Neelie Kroes, rebateu as críticas ao projeto de mercado único de telecomunicações para o bloco econômico. Em relação à proposta de fim de tarifas de interconexão internacional, ela é categórica ao afirmar que as receitas com roaming já não seriam suficientes para investimentos na próxima geração de redes. O motivo: a concorrência com os over-the-top (OTT).
Neelie indaga quais das empresas conseguem sustentar um modelo de negócios que consiste em cobrar chamadas e textos intraeuropeus após 2016, quando deverá haver uma maior oferta de serviços OTT para os consumidores. "Eu sei que a maioria dos analistas não concorda (com a continuidade do modelo atual), eles descontam essas receitas há muito tempo".
Ela diz que é preciso urgência, pois não seria possível sacrificar o mercado com "anos de espera" para se movimentar. Neelie Kroes cita "um banco de investimentos grande" ao afirmar que 82% dos "maiores investidores" esperam que esse pacote de medidas para a formação de um mercado único europeu signifique um investimento maior em suas redes. Ela acredita ainda que o setor vai se beneficiar com o pacote, embora diga que não é por isso que está procurando aprovar o projeto. "Estou fazendo para o crescimento (do mercado) e de trabalho na Europa: o 1% do PIB que podemos ganhar com um mercado realmente único de telecomunicações", afirmou.
A representante da Comissão Europeia explica que sabe das críticas e do lobby contra o projeto. Para tentar acalmar isso, ela lembra que a entidade está promovendo pesquisas na próxima geração de redes. "Estamos nos preparando para uma parceria público-privada na tecnologia móvel 5G, que eu espero que a Comissão se comprometa com centenas de milhões de euros. E eu espero ver membros da ETNO completamente engajados também. Mas também precisamos da joia das telecom na UE: a aceleração do mercado único."
Para estimular as mudanças, Neelie Kroes confirma que futuros leilões de faixas de frequência poderão ter maior sinergia entre os mercados. Ela reafirmou a necessidade de mais consistência espectral, disponibilizando o 4G para mais cidadãos e com melhores condições e preços. Além disso, reconhece também a importância de maior cobertura Wi-Fi para oferecer mais serviços. "(A proposta) é sobre promover a implantação de uma nova banda larga – ao limitar a regulação de preço de redes de alta velocidade para onde for estritamente necessário".